Facchini

Grevistas descartam negociar com a ANTT

O líder do Movimento União Brasil Caminhoneiro (MUBC), Nélio Botelho, que está articulando uma paralisação nacional da categoria dos transportadores autônomos para esta quarta-feira (25), disse à imprensa que não está disposto a negociar com a Agência Nacional de Transportes Terrestres os pontos de suas reivindicações.
Segundo a própria definição de greve, este instrumento é utilizado somente como último recurso, quando as negociações entre as partes falham e chega-se a um impasse. Apesar disso, Botelho segue firme em sua posição. “Não haverá negociação. Não existem reivindicações. Ou a ANTT revoga a Resolução 3056 ou nós paramos tudo”, ameaça o líder do movimento.
Para o MUBC, a criação da Resolução nº 3056 pela Agência, acabando com a carta-frete e implementando o novo sistema de pagamento de fretes aos autônomos, trouxe muitos prejuízos para os caminhoneiros. Nos argumentos, o movimento mostra o desequilíbrio gerado pelos novos processos burocráticos, como a emissão do CIOT (Código de Identificação da Operação de Transporte), a concorrência desleal das transportadoras, a entrada de milhares de novos concorrentes no setor e a depreciação do frete em até 30%.
Além disso, a entidade questiona as exigências da nova regulamentação da profissão de motorista, criada pela Lei 12.619, que estabelece o tempo de direção e a jornada de trabalho dos transportadores autônomos e empregados de transportadoras. Botelho diz que as 11 horas obrigatórias de descanso diário não podem ser cumpridas na prática, já que não há lugar para que os motoristas parem o caminhão com segurança. “O caminhoneiro vai parar no acostamento e deitar dentro do caminhão por 11 horas, sem segurança ou qualquer conforto?”, diz Nélio Botelho.
Em seu site, o Movimento União Brasil Caminhoneiro afirma ter o apoio dos representantes de todas as esferas envolvidas no transporte rodoviário de cargas no Brasil: empresários, caminhoneiros, empregados de transportadoras, comissionados e cooperativas de transporte.
Apesar disso, a maioria das entidades representativas dos caminhoneiros autônomos e trabalhadores do transporte não aderiram ao movimento e divulgaram notas de repúdio à greve, como a UNICAM (União Nacional dos Caminhoneiros), a Fenacam (Federação Nacional dos Caminhoneiros) e o SINDICAM – SP (Sindicato dos Caminhoneiros de São Paulo).
A ANTT não vai se pronunciar sobre a greve e informou, via imprensa, que irá debater as regras do setor em um fórum que será realizado em agosto, com a presença dos representantes do transporte rodoviário de cargas brasileiro.
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