Facchini

Movimento de caminhoneiros gera intranquilidade nas estradas


No momento em que 350 mil servidores federais estão em greve - com destaque para paralisação de 73 dias dos professores universitários - o movimento dos caminhoneiros agrava essa equação. Existe algo pior do que ficar parado com a família, na estrada, em razão de protesto de uma categoria econômica? Enquanto o governo minimiza o problema, o presidente do Movimento Brasil Caminhoneiro, Nélio Botelho, constata a interrupção do fluxo da Dutra, nesta segunda-feira, e ainda cita que há interrupções - muitas não noticiadas - por todo o país. As reivindicações são complexas, pois envolvem o controle na jornada de profissionais autônomos, o que, se não é impossível de ser realizado, é bastante difícil.
Botelho alega que não há locais para descanso dos motoristas e muito menos segurança para a classe parar à beira das estradas - o que é pura verdade. Há questões intrincadas, como a preferência dos autônomos por receber em cheque ou dinheiro e não via cartão-frete. Botelho também critica atos da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Como se sabe, é fácil burocratas, em gabinetes refrigerados de Brasília, estabelecerem normas sobre trânsito, saúde e tudo mais sem qualquer nexo com a realidade das grandes cidades e do interior do país. O Denatran não hesitou, anos atrás, em inventar um kit de primeiros socorros para todos os motoristas do país, suspenso após se descobrir que, em caso de acidente, esparadrapo e iodo seriam inúteis.
Se nas estradas a situação é difícil, nos portos e fronteiras a paralisação do pessoal da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), também é motivo de preocupação. O Centro Nacional de Navegação (Centronave) instruiu a seus associados - os grandes armadores - a apelarem à justiça para liberação de cargas e o próprio governo está facilitando o ingresso de mercadorias sem maior análise.
Enquanto isso, os pedágios continuam a subir. Nesta quarta-feira será a vez da Ponte Rio-Niterói, com alta de 6,52%, e da velha Dutra, com 5,3%. Um caminhão com reboque de seis eixos terá de pagar R$ 60,60 na ligação Rio-São Paulo, o que é absurdo. Na ponte, a mesma carreta pagará R$ 29,40, mas, como não houve qualquer melhoria nessa via desde sua inauguração, em 1974 , o trecho está saturado e carretas só podem trafegar pela madrugada. Se as autoridades querem reduzir o Custo Brasil têm de rever os valores dos pedágios, a curto prazo. E, para provar que tem racionalidade, a presidente Dilma Rousseff bem que poderia anunciar o fim da estatal criada para implantar um trem-bala de R$ 60 bilhões.
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