Facchini

Setor de caminhões vive drama especial

A situação da indústria automobilística é inusitada: vive uma crise estrutural, diante de excessivo endividamento do consumidor, incerteza de bancos em concederem créditos, falta de espaço para carros nas ruas e estradas, e há a ameaça de construção de novas plantas - para concorrerem em mercado sob tensão. No caso de fábricas, muitas foram - com razão - adiadas, como a chinesa JAC Motors. No entanto, a conjuntura é excelente: com a redução de imposto, agosto passado bateu o recorde histórico de comercialização nesse mês e há escassez de produtos. Modelos importados do México, por exemplo, estão em falta, pois as compras daquele país já chegaram ao teto anual e só poderão ser reiniciadas em janeiro.
O caso dos caminhões é mais complexo do que o de carros. Sabedores da obrigação, este ano, de uso do diesel S50, de impacto no ambiente dez vezes menor do que o do produto comum e, portanto, mais caro, os donos de frotas anteciparam compras no ano passado. Com isso, este ano, nem redução de imposto gera vendas. Fábricas estão dando férias coletivas e seus executivos mandam relatórios tímidos para as matrizes no exterior.
Quanto ao diesel moderno, em breve será realidade, pois será impossível fugir das mudanças. Atualmente, no entanto, os caminhoneiros o evitam, por ser mais caro. No Rio e em São Paulo, há eficiente esquema de distribuição do S50, mas com vendas minguadas. No resto do Brasil, a rede é insuficiente, o que cria problemas para as frotas que já se adaptaram à modernidade. Um revendedor de combustível revela que o S50 não pode ficar mais de três meses nos tanques, pois gera um problema técnico e, com baixas vendas, os donos de postos estão preocupados.
Por último e não menos importante, deve-se citar que as reduções de imposto feitas pelo Governo Federal impactam os estados e municípios. Ao zerar a alíquota da Cide - que incide sobre a gasolina - a União tirou verba de transportes. Já as reduções de IPI sobre carros e as mexidas na folha de pagamentos das empresas reduzem o valor a ser encaminhado a estados e municípios, criando graves problemas Brasil afora.
FONTE: Monitor Digital 
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