Enquanto as vendas de veículos leves aumentam em 2012, resultado de medidas de incentivo do governo como a prorrogação da desoneração do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) até o final do ano, os números sobre o comércio de caminhões e ônibus são mais pessimistas. O cenário avaliado pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) revela que os transportadores de cargas estão mais cautelosos com o nível de investimentos na atividade.
Uma das razões para a redução nas vendas é a menor expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012. Dados do relatório Focus do Banco Central, divulgados no final de outubro, indicam que a estimativa de expansão da economia este ano é de 1,57%. A taxa é menor que o aumento de 2,7% registrado em 2011, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os números têm reflexo no mercado. A Associação Nacional de Veículos Automotores (Anfavea) aponta que, no acumulado de janeiro a outubro, 113.937 caminhões novos foram licenciados. Em 2011, no mesmo intervalo, foram 143.781 unidades comercializadas - variação negativa de 20,8%. Apenas em outubro, por exemplo, 12.620 novos veículos de carga foram licenciados. A quantia é 9,1% inferior aos 13.880 modelos vendidos no ano passado.
Publicada no segundo semestre deste ano pela CNT, a sondagem ‘Expectativas Econômicas do Transportador Rodoviário’ comprova as estatísticas da Anfavea. Segundo a pesquisa, 65% dos transportadores não adquiriram veículos pesados em 2012. Mais da metade - 55,6% - respondeu que provavelmente iria encerrar o ano sem novas aquisições.
No início de 2012, com um cenário mais otimista de crescimento da economia, o mesmo levantamento da CNT apurou que quase 67% dos empresários pretendiam renovar a frota. Mas, de acordo com a última sondagem, a redução das vendas ocorreu porque os transportadores “esperavam um maior impacto da crise internacional no país, o que representa uma expectativa pessimista em relação ao crescimento do PIB e um impacto negativo na receita bruta esperada”.
“A retração nas vendas em 2012 é resultado do crescimento econômico que não foi o que esperávamos. O transporte é o primeiro a refletir quando a economia passa por problemas, mas também é o primeiro a responder quando o mercado reage”, explica à Agência CNT de Notícias o presidente da Seção de Transporte de Cargas da CNT, Flávio Benatti.
Este ano, a entrada em vigor da fase P7 do Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve) para veículos pesados é outro fator que explica a disparidade com os números registrados em 2011. Muitos transportadores anteciparam as compras no final do ano passado porque a nova tecnologia, apesar de ser menos poluente, representou aumento do custo do veículo (entre 15% e 20%) e do combustível (estimado em 20%).
Segundo Benatti, as incertezas com relação ao impacto do Proconve podem explicar a antecipação das vendas. “No entanto, se a economia voltar a crescer, vai aumentar a demanda por transporte e por mais caminhões. Mesmo com as exigências da fase P7 e com um custo maior dos veículos e do combustível, vai existir a necessidade de compra”, adverte.
Otimismo
Apesar da crise e das incertezas com o crescimento do PIB, a sondagem da CNT revelou que 20,4% dos transportadores ainda pretendiam adquirir novos veículos em 2012. De acordo com a pesquisa, 48,3% e 10,3%, respectivamente, iriam utilizar as linhas de financiamento do Procaminhoneiro e do Programa de Sustentação do Investimento (PSI).
Com juros mais acessíveis – a taxa dos dois programas baixou de 5,5% ao ano para 2,5% -, a CNT avalia que as condições são vantajosas e devem ser aproveitadas. O benefício é válido até 31 de dezembro e o prazo máximo de parcelamento é de 120 meses. O Procaminhoneiro pode ser utilizado para a aquisição de caminhões e implementos rodoviários (novos e usados), enquanto os recursos do PSI destinam-se somente à compra de caminhões novos.
Benatti destaca a importância dessa redução dos juros para incentivar a compra de caminhões novos, mas afirma que o mais importante é a criação de uma política de governo para incentivar a renovação da frota de veículos pesados no país, retirando modelos mais antigos de circulação. “O mercado precisa ser visto de uma maneira mais ampla”, adverte.
Simulador
Para auxiliar os transportadores autônomos em busca de um novo veículo ou as empresas de transporte de cargas que precisam renovar ou ampliar a frota, a CNT criou um simulador de financiamento de veículos. Serviço pioneiro no Brasil, a ferramenta calcula o valor da prestação mensal do financiamento e permite que o transportador compare, ao mesmo tempo, até quatro linhas de crédito diferentes.
FONTE: Agência CNT