Em um dos trechos da BR-364 em Rondonópolis, Mato Grosso, passam mais de 12 mil caminhões por dia durante a safra de grãos. Eles são responsáveis pelo transporte até os terminais ferroviários e portos. Apenas no terminal de Alto Araguaia, no sudeste do estado, chegam diariamente 60 mil toneladas que seguem por vagões até Santos.
"Nossa produtividade máxima é de 80 vagões a cada duas ou três horas, o que equivale em torno de sete mil toneladas”, diz Bruno Pegorini, coordenador comercial do terminal.
O ano passado, a empresa aumentou a capacidade do armazém para atender a todos os clientes. O estoque hoje é de 80 mil toneladas de grãos e já está pequeno para atender a demanda. "Nós estamos investindo em outros terminais em Mato Grosso, justamente para alavancar este número”, diz Pegorini.
As empresas também têm investido no transporte rodoviário para atender a procura. Há alguns meses, a transportadora de Rondonópolis ampliou a frota, que passou de 180 para 200 caminhões. Mas esse número ainda não é suficiente.
"A falta de estrutura acaba aumentando a manutenção dos caminhões, aumenta gastos com combustíveis e também reflete na dificuldade de achar mão de obra que queira se sujeitar a ficar na estrada e em locais que não têm estrutura”, diz Carley Welter, gerente de logística.
A oferta insuficiente de transporte influencia diretamente no preço do frete. Em fevereiro, o frete chegou a custar 50% mais que no ano passado, segundo levantamento do Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária, o Imea.
"Hoje, a gente pode dizer seguramente que estamos vivendo um custo logístico de mais de R$ 100 por tonelada”, diz Mauro Loro, diretor comercial de transportadora.
O frete acaba refletindo no bolso do produtor. A empresa que compra o grão fica responsável pelo transporte do produto, mas abate esses custos no valor pago ao agricultor.
"Toda commoditie de exportação é cotada em Bolsa e essa Bolsa arbitra os preços baseados nos portos. Então, tudo que você transporta até os portos é debitado do valor recebido pelo produtor”, diz Ricardo Tomczyk, vice-presidente da Aprosoja – MT.
O agricultor João Carlos Diel colheu oito mil toneladas de soja este ano. A produção foi vendida para uma empresa multinacional, mas o valor negociado poderia ter sido melhor se o frete não estivesse tão alto. "Eu estimo que o frete deve ter impactado em torno de 20% a 25% no custo da saca da soja, que poderia ser uma receita bruta minha”, diz.
FONTE: G1