Dez rodovias mineiras estão interditadas parcial ou totalmente na tarde desta segunda-feira por conta do protesto dos caminhoneiros que reclamam do aumento do litro do óleo diesel, além de outras reivindicações. No trevo de Manhuaçu, entroncamento das BRs 116 e 262, região leste de Minas Gerais, o bloqueio total é engrossado por cafeicultores que reclamam, segundo eles, por melhores preços da saca do café.
Segundo a Polícia Rodoviária Federal, nos outros pontos interditados há congestionamentos e apenas os carros de passeio e ônibus passam, utilizando apenas uma das pistas. De acordo com a PRF, a interdição é total também na BR-040, onde a fila de veículos já ultrapassa 10 quilômetros nos dois sentidos da rodovia que liga Belo Horizonte ao Rio de Janeiro. Os caminhões e carretas ocupam as três pistas de cada mão, o que dificulta a passagem até mesmo de ambulâncias, que eram obrigadadas a transitar ou retornar pelo canteiro central ou acostamento. Muitos motoristas também escolheram essa opção e atravessaram para a pista contrária, onde puderam retornar.
Em um dos pontos de manifestação, no quilômetro 513 da BR-381, em Igarapé, região metropolitana de Belo Horizonte, a fila de caminhões chegava a 5 quilômetros tanto no sentido São Paulo quanto no sentido Espírito Santo. Os outros dois bloqueios ocorreram na altura do quilômetro 359, no município de João Monlevade, e no quilômetro 589, em Carmópolis de Minas.
Em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, centenas de manifestantes bloquearam a LMG-808, entre os quilômetros 8 e 9, próximo ao bairro Tupã. De acordo com o Departamento de Estradas e Rodagem (DER), a via está bloqueada em ambos os sentidos desde as 8h30. O DER afirmou que equipes foram enviadas ao local para acompanhar a manifestação, que pede acostamento na pista e a criação de uma via de acesso ao bairro.
De acordo com o Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Cargas de Minas Gerais (Sinditac), os protestos são por redução de impostos sobre o óleo diesel, mais segurança nas estradas e melhoria da infraestrutura viária.
Motoristas se dividem
A paralisação pegou a maioria dos motoristas de surpresa. O representante comercial Haddad Silva planejava chegar em Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, em duas horas e meia de viagem: "Não vai dar mais, o congestionamento está grande, o jeito é ler um jornal ou procurar outra coisa para passar o tempo", reclamou.
Foi o que fez a estudante de psicologia Leticia de Fátima, que desceu do carro onde viajava com a família e levou o cão para passear: "Vamos para Juiz de Fora e está tudo parado, sol forte. Pelo menos deu para levá-lo para fazer um xixi," disse.
O protesto é aprovado pela maioria dos caminhoneiros, mas muitos reclamam das interdições: "É válido, mas parar a gente aqui não resolve. Deveria parar era lá em Belo Horizonte e parar políticos, eles quem deveriam ser prejudicados. Agora, parar aqui, onde não tem nada para comer nem beber, não concordo", reclamou o caminhoneiro Aloísio Forlan, que, às margens da BR-040 em Nova Lima, conversava com outros colegas aguardando que o bloqueio terminasse: "Quando o Lula saiu, o diesel estava mais em conta. Olha quanto aumentou. Foi demais. Aliás, está aumentando tudo, o feijão, pão, óleo. Feijão está R$ 6 o quilo," analisou.
"Eu ainda não abasteci em Minas Gerais, sou de Goiás, mas quando eu for abastecer sei que vou gastar R$ 100 a mais do que vinha gastando. Não tem condições, não. Tem que parar mesmo," concordou Roni Faria, também caminhoneiro. "Agora, ficar aqui parado não dá. Não tem nada na estrada e a gente atrasa demais a entrega da carga", concluiu.
Foi do que reclamou o fretista José Aparecido, que estava com o caminhão carregado de legumes que deverão ser entregues em Ubá, na Zona da Mata. "Deveriam deixar passar as cargas perecíveis, que correm o risco de estragar. Ficar parado dá é prejuízo", afirmou.