Uma prática extremamente perigosa tem se tornado cada vez mais corriqueira nas rodovias brasileiras. A chamada “quebra de asa”, manobra em que o motorista, em alta velocidade, tira as rodas do caminhão da pista contorcendo o implemento está causando polêmica entre os profissionais da área e assustando quem utiliza as estradas.
Segundo Érico Pimenta, especialista em caminhões, a quebra de asa passou a ser disseminada com mais frequência por volta de 2008, quando começaram a aparecer os primeiros vídeos na internet. A partir de então, motoristas de todo o País – autônomos ou funcionários de transportadoras – passaram a se exibir no ambiente virtual realizando a manobra com diferentes tipos de carga, como grãos, cegonhas carregadas de automóveis e tanques com material inflamável, além de baús carregados.
“O caminhoneiro realiza a princípio uma manobra para forçar o tombamento do caminhão. Se o motorista vê que vai bater em algum carro, ele pode fazer isso, mas vai forçar um tombamento”, explica Pimenta. “A quebra de asa é exatamente isso, é você forçar um possível tombamento, porém, quando o caminhão chega a uma determinada altura o motorista puxa o volante para o lado inverso, ou seja, ele vira primeiro o volante completamente para a esquerda, e quando o caminhão levanta ele gira para a direita para a carreta voltar para o chão. Resumindo, o caminhoneiro conta com a sorte, ele fica à mercê das forças da gravidade”, explica.
Neste vídeo abaixo, por exemplo, o infrator pratica a quebra de asa enquanto é filmado por dois rapazes, que quase são atingidos pelo implemento do caminhão.
Por ficar balançando de um lado para outro, o caminhão pode sofrer uma série de danos estruturais. “A carreta se projeta além da capacidade sobre a quinta roda. Isso pode trincar o pino-rei, além de causar desalinhamento. Além disso, quando a carreta levanta e volta para sua posição correta, o impacto que isso gera pode causar sérios danos na suspensão, assim como desgaste extremo das laterais dos pneus”, ressalta o especialista.
Em alguns casos, o frotista também sai lesado, uma vez que a acrobacia pode causar danos obviamente ao próprio caminhão e à carga, prejudicando assim seus negócios com o cliente. Em casos mais sérios, onde haja denúncia, o caminhão da frota pode ser apreendido e a empresa multada.
Pimenta conta que é mais comum a realização da quebra de asa em rodovias com pouca movimentação e carentes de fiscalização por parte da Polícia Rodoviária, justamente para não haver qualquer possibilidade de flagrante. “No Brasil, a gente sabe que não é toda rodovia que conta com policiamento adequado. É possível rodar em estradas em que o motorista percorre cerca de 400 quilômetros sem avistar nenhum posto da Polícia Rodoviária Federal, então fica difícil de combater isso”.
Por estar habilitado, o motorista que for flagrado em tal situação responderá a Lei de Contravenções Penais. O artigo 34 reforça o item de direção perigosa, Nesse caso, será registrado um Termo Circunstanciado e ele deverá pagar uma pena alternativa. Já em caso de acidente com vítimas, o caso pode até ser enquadrado como homicídio doloso.
É possível identificar os infratores em alguns dos vídeos disponíveis na internet. Em alguns casos, as transportadoras demitiram o funcionário que utilizava o caminhão da frota para praticar o exibicionismo e que acabou respondendo criminalmente por direção perigosa.
Para denunciar algum motorista que realizou este procedimento, é recomendável entrar em contato com a Polícia Rodoviária Federal por meio dos telefones registrados neste link.
Confira abaixo uma compilação de motoristas que realizam quebra de asa com diferentes cargas.
FONTE: Transporta Brasil