Facchini

Rivais de peso

Ao contrário do que acontece com automóveis, uma renovação completa de uma gama de veículos comerciais não ocorre com frequência e quando acontece, muitas vezes é levada por uma mudança na legislação ou por exigência de novas tecnologias, o que torna o setor mais competitivo.
A chegada da Euro 6 na Europa a partir de janeiro de 2014 – ou mesmo a Euro 5 no Brasil, desde 2012 – mostra bem essa realidade. Tal mudança obrigou os fabricantes a desenvolverem motores capazes de cumprir com as regras ambientais e ainda mais econômicos – uma outra tendência do mercado.
Todos cumpriram as regras e têm no seu catálogo de produtos caminhões Euro 6. Mas alguns, porém, foram além, aproveitaram a obrigatoriedade da lei para renovar o desenho dos seus caminhões. Exemplo disso é a nova geração do Actros, da Mercedes-Benz e do FH, da Volvo.
Os novos produtos possuem pontos de convergência com as últimas tecnologias em matéria de desenho, conforto, motorização e eletrônica embarcada.
Do ponto de vista energético, o objetivo é conseguir o melhor aproveitamento do veículo sem abrir mão do consumo de combustível e da menor emissão de gases de escape que apontem à desejada e quem sabe “emissão zero” no futuro.
Mas em ambos os modelos detalhes foram mantidos para que, de certa forma, não fosse perdida a identidade. No caso do Actros, que chegou ao mercado em 1996, foi mantida a designação do nome, e do Volvo permaneceu o logo do FH.
No plano comercial as marcas optaram por apresentar seus produtos tanto com tecnologias Euro 5, vigentes até o final deste ano na Europa, e também Euro 6 que passa a ser lei a partir de janeiro do próximo ano.

O V aposentado
Não há dúvidas que os conceitos mecânicos têm um papel importante em ambos os projetos.  A Mercedes-Benz decidiu abandonar os motores em V para centrar-se em blocos de arquitetura em linha; enquanto a Volvo adaptou o seu veterano D13 às circunstâncias da Euro 6.
Contudo, são as novas cabines e os acessórios que mostram que estamos diante de veículos modernos. No âmbito estético encontramos traços característicos e dominantes das últimas tendências. Esquecido para sempre na Europa o conceito “convencional”, cujos últimos representantes foram o Scania T e os Volvo VN, as ideias dos designers caminham para uma única direção: veículos cara chata, num estilo cabover.
Mas o Actros e o FH transmitem, numa primeira abordagem, um excelente ambiente interno, tanto pela acertada distribuição dos componentes da cabine e porta-objetos como pela qualidade e abundância de detalhes encarregados de tornar a viagem dos motoristas mais agradável.
Sobre as novas motorizações Euro 6, os fabricantes apresentam duas filosofias distintas. Aproveitando as sinergias com a norte-americana Detroit Diesel – empresa integrada ao Grupo Daimler –, a Mercedes-Benz decidiu “dar um ar europeu” as mecânicas DD13 que já comercializava em veículos nos Estados Unidos e no Japão. O propulsor de 12,8 litros e 6 cilindros em linhas, agora, está presente no mercado Europeu, cobrindo um leque de potências entre os 421 cv e os 510 cv. Para o futuro ficam as traduções do DD15 e DD16 com potências a partir de 500 cv.
A Volvo no seu renomado propulsor D13 de 6 cilindros em linha. Pela sua larga história, essa mecânica continua vigente por ter sido capaz de acomodar-se às novas exigências ecológicas.
Essas motorizações partilham da mesma filosofia sobre combustão e tratamento de gases de escape, recorrendo à combinação dos sistemas EGR e SCR para alcançarem os níveis de emissões requeridos.
A única diferença está na solução EGR da Volvo que dispensa o arrefecimento dos gases de escape, antes de reenviá-los para admissão.

Domínio da estrada
O duelo comercial das duas marcas já começou, mesmo com algumas disparidades.
A Mercedes está na vantagem, porque começou a comercializar o Actros desde o início deste ano, enquanto que a Volvo deu início à venda do FH na metade do ano.
 É fato que estamos diante de dois conceitos imaginados e destinados a enfrentar um mercado cada vez mais competitivo e que resumem entre si todos os avanços alcançados pelos caminhões numa sucessão de décadas autenticamente prodigiosas do ponto de vista da tecnologia e do desenho.

Mercedes-Benz Actros OM-457 + Powershift
Para a Mercedes-Benz o final dos motores em V começou com os novos Actros. O atual OM-471 LA, tem sua origem na Detroit Diesel empresa que possui ampla experiência na utilização desses propulsores em modelos como Freightliner e Fuso.
Trata-se de uma mecânica de 6 cilindros em linha e 12,8 litros que desenvolve 510 cv entre 1 400 e 1 800 rpm, e torque de 234,6 mkgf a 1 100 rpm. Dispõe de um cabeçote monobloco de 4 válvulas por cilindro, turbo de geometria variável e sistemas EGR (refrigerado) e SCR (AdBlue) para o tratamento dos gases.
O sistema de injeção denominado X-Pulse é common rail que alcança 2 100 bares de pressão e conta com a função multiponto de quatro fases. Esse sistema está equipado com uma bomba de água variável, em que o volume de líquido é gerido de acordo com as necessidades de refrigeração do motor.
Mais rápida e precisa, a caixa de transmissão automatizada Powershift 2 dispõe agora de vários programas de trabalho, como Power, Economy ou Manobras. Também conta com a ajuda do GPS para memorizar percursos e aplicar a condução mais econômica.
Outra novidade do Actros é o seu retarder integrado SWR (Secondary Water Retarder). Desenvolvido pela Voith, ele utiliza o líquido refrigerado do motor para travar o conjunto.

Volvo FH D13 + I-Shift
Dispor de uma base mecânica adequada simplifica qualquer trabalho. É o caso da Volvo com o seu primeiro Euro 6. Ela elegeu seu veterano motor D13K que tem como principais novidades o turbo de geometria variável e a segundo turbina Turbocompound (algo já utilizado pela Scania, inclusive no Brasil), para aproveitar ao máximo o potencial dos gases de escape.
Com esse sistema é possível otimizar o binário qiue é similar ao das mecânicas Euro 5 de 540 cv. Coberto por um cabeçote monobloco e quatro, o D13K mantém o sistema de injeção por injetores-bomba de regulagem eletrônica.
O tratamento dos gases de escape foi resolvido com os sistemas SCR de adição do AdBlue e o EGR de recirculação de gases. Essa solução simplifica o funcionamento do motor.
Na tecnologia Euro 6 o motor está disponível com potência de 460 cv de 1 400 a 1 800 rpm e torque de 234,6 (equivalente ao do Actros) de 1 000 a 1 400 rpm.
A nova transmissão I-Shift dispõe de uma eletrônica mais afinada e inclui sistemas inteligentes de ajuda, caso do I-See (componente que faz a leitura do solo) e do EcoRoll (ponto morto em situações de inércia).
Mercedes Gigaspace – Piso plano
Pelo nome Gigaspace já é possível imaginar quais são os atributos desse habitáculo: o abundante espaço. Com isso o caminhão possui uma cabine 100% plana.
Além disso, chama a atenção o desenho imponente do modelo, graças à grade frontal da cabine. Entre a variedade de soluções que a marca alemã oferece nesse habitáculo, destaca-se a versão SoloStar, desenhada para um único condutor, sendo o assento do passageiro uma espécie de um sofá reclinável e que gira 90º para o centro da cabine. HJá também uma mesa central, geladeira e porta-bagageiros.
O comando da transmissão agora está localizado na coluna de direção. Com revestimento em tons claros, o ambiente ficou mais agradável.
Volvo Globettroter - Para-brisas vertical
Apesar da grande mudança estética, que implicou em voltar ao para-brisas sem inclinação, a nova cabine Globettroter XL mantém intactas muitas das suas características.
A grade frontal utiliza material sintético e foi pintado de preto para se destacar e deixar o modelo com um aspecto mais agressivo.
No interior a revolução é total. O posto de condução foi totalmente remodelado, destacando as novas regulagens do volante. O painel de instrumento utiliza tecnologia digital.
Como a zona de descanso ganhou volume, ponto positivo para a cama que está maior, sendo possível reclinar a cabeceira por meio de sistema eletrônico.
Inspirado no universo dos automóveis de luxo, os assentos são envolventes e possuem uma variedade de ajustes; eles também são aquecidos.
O seletor da I-Shift está localizado no lado direito do assento do motorista.
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