Facchini

Anfavea mantém aposta de alta nas vendas

Mesmo diante do avanço tímido de 0,4% nos licenciamentos de janeiro deste ano sobre o mesmo mês do ano passado, e de uma média diária de vendas praticamente igual à do ano passado, de 14,1 mil veículos por dia, a Anfavea, a associação dos fabricantes, mantém-se fiel à expectativa de que o mercado de veículos crescerá 1,1% este ano, chegando a 3,8 milhões de unidades vendidas. 
“Foram 312,6 mil veículos nacionais e importados emplacados, o que representa o melhor janeiro de todos os tempos. E este resultado só não foi melhor por causa da interrupção dos financiamentos pelo PSI do BNDES para caminhões e ônibus (leia aqui)”, comentou Luiz Moan, presidente da associação, durante reunião com a imprensa na quinta-feira, 6. 
Segundo dados apurados pela Anfavea, de 2004 a 2013 a média de vendas do setor automotivo nos meses de janeiro foi de 195 mil unidades. “Isso significa que o volume deste último mês foi 60% acima do anotado na década”, frisou Moan. Contudo, ele evitou comentar que as vendas foram sustentadas em alta apenas na primeira quinzena do mês pelos estoques de veículos leves com IPI reduzido, mas depois o mercado mudou e a tendência passou a ser de queda, com redução da média diária de 15,2 mil por dia útil nas duas primeiras semanas de janeiro para 12,3 mil nas duas últimas.
A inadimplência em seu menor nível desde junho de 2012 e a previsão de crescimento de 5% para o CDC (crédito direto ao consumidor) e de 2,5% para o PIB são os fatores apontados por Moan para manter o otimismo. “A Anfavea só não projeta um crescimento maior para 2014 porque teremos diversos feriados e a Copa do Mundo, que diminuirão os nossos números de dias úteis.” 
O único segmento que sustentou a alta de 0,4% da indústria automotiva em janeiro foi o de veículos leves, que somou 300,1 mil unidades licenciadas no período, 1% a mais do que o anotado em janeiro de 2013. O de caminhões teve queda de 10,9% na comparação anual. E o de ônibus se deparou com uma retração ainda maior, de 19,6%. 
O poder aquisitivo dos consumidores de veículos leves tem aumentado. A participação dos modelos 1.0, os mais baratos, nos licenciamentos tem caído. Enquanto em janeiro de 2013 era de 42,1%, no mesmo mês deste ano foi de 37,8%. “É o mesmo nível de participação que os 1.0 (que começaram a ser vendidos no País em 1990) tinham no mercado em 1994”, salientou Moan. Os veículos com motorização de 1.0 a 2.0 ocupam atualmente uma faixa de 61,4% das vendas. 
Há de se considerar que os importados também contribuíram para o avanço de vendas dos veículos leves. Nota-se uma subida na participação desses modelos, provavelmente por causa das habilitações no Inovar-Auto. O novo regime dá direito às futuras fabricantes a importar modelos similares aos que serão produzidos no Brasil sem os 30% extras de IPI, em cota equivalente a 25% da capacidade de produção prometida. Além disso, os importadores, incluindo as montadoras que também importam, ganharam cotas de importação até o teto de 4,8 mil unidades/ano. No fim de 2011, quando o governo sobretaxou os importados, a participação deles nas vendas chegou ao pico de 23,6%. Em 2012 o porcentual caiu para 20,7%. Em 2013 caiu a 18,8%. Mas agora em janeiro de 2014 voltou ao patamar de 20,7%. 

DESCENTRALIZAÇÃO DAS VENDAS 
A Anfavea mostrou que as vendas de veículos cresceram em todas as regiões do País nos últimos 12 anos. No Norte, aumentaram 224,7%, passando de 52 mil unidades em 2002 para 170 mil em 2013. No Nordeste, o avanço foi de 191,7%, de 201 mil para 586 mil. No Centro-Oeste, de 213,7%, passando de 122 mil para 382 mil. No Sudeste, cresceram 129,5%, de 808 mil para 1,8 milhão. Enquanto no Sul o avanço foi de 162,1%, de 296 mil para 775 mil veículos licenciados. 
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