O setor de pesados, que seguia em ritmo acelerado em 2013, começou 2014 com o pé no freio. A demora da regulamentação da nova taxa do Finame PSI, linha de financiamento do BNDES (leia aqui), travou os contratos para aquisições de bens de capital, dentre eles caminhões e ônibus, de 13 de dezembro até 26 de janeiro. Foram apenas quatro dias úteis de vendas em janeiro pelo Finame, que atende mais de 90% dos caminhões produzidos no País.
“Foi um prejuízo enorme para o setor de pesados, que não trabalha com produtos de prateleira, mas com veículos que são comprados com meses de antecedência”, comentou Rogério Rezende, vice-presidente da Anfavea, a associação dos fabricantes de veículos, durante reunião com a imprensa na quinta-feira, 6.
O imbróglio fez com que os licenciamentos de caminhões tivessem retração de 25,3% de dezembro para janeiro e de 10,9% na comparação anual. Foram vendidos 10,7 mil caminhões no último mês. Deste total, 379 foram semileves, 1,8 mil leves, 1 mil médios, 3,6 mil semipesados e 3,9 mil pesados, segmento que mais depende dos financiamentos por conta dos preços maiores. Tanto é que a queda dos pesados chegou a 32,7% em relação a dezembro.
A produção de caminhões, contudo, cresceu tanto de dezembro para janeiro, alta equivalente a 86,6%, quanto na comparação anual, 9,3%. Rezende explicou que a produção de janeiro de 2013 foi mais fraca porque a indústria ainda se ajustava aos volumes de caminhões Euro 5. Já em dezembro do ano passado também foi menor por causa das férias coletivas antecipadas pelas empresas. “Janeiro de 2014 teve este avanço na produção, mas não por consequência das vendas”, salientou Rezende.
As exportações de caminhões seguiram a tendência de queda, com 1,2 mil veículos embarcados. O volume representa uma retração de 37,9% de dezembro para janeiro e de 16,6% na comparação anual.
Rezende acredita que os fabricantes de caminhões e ônibus já conseguirão ter resultados positivos a partir de fevereiro. “Já temos o financiamento. Agora quem dita o ritmo é o mercado.”
A renovação da frota de caminhões em todo País, proposta entregue pela Anfavea ao governo (leia aqui), segundo Luiz Moan, presidente da associação, deverá sair ainda neste semestre, contribuindo para o aquecimento das vendas. “Já fizemos cerca de três reuniões com representantes do governo. Acredito que seja editada até o fim do trimestre”, apontou Moan.
ÔNIBUS
O segmento de ônibus foi tão prejudicado quanto o de caminhões pela falta do financiamento barato. Foram licenciados 1,7 mil chassis de ônibus no último mês, o que representa retração de 45,4% de dezembro para janeiro e de 19,6% na comparação anual. A produção atingiu 2,5 mil unidades no último mês, em alta de 58% de dezembro para janeiro e em queda de 16,8% sobre 2013. Ainda segundo dados da Anfavea, foram exportados 434 chassis em janeiro, 0,2% a menos do que no ano passado.
FONTE: Automotive Business