Desde fevereiro deste ano, o porto de Santos trabalha com um esquema de agendamento dos caminhões que transportam a safra. A medida foi tomada para acabar com as filas nas estradas. Agora, os caminhões que levam soja para a zona portuária precisam passar por um agendamento eletrônico.
O processo é todo realizado pela internet e pode ser feito em dois lugares diferentes: na origem da carga ou em um entreposto privado que fica em Sumaré, em São Paulo. Osmar Rodrigues, gerente da filial de uma transportadora de Lucas do Rio Verde, no Mato Grosso, explica como é o processo: “Nós entramos no site e digitamos os dados do veículo, o valor da mercadoria, número da nota, número do CTE. Mediante estes dados, a gente inclui no sistema do terminal, consequentemente ele gera uma tela, onde nós vamos imprimir e anexar a documentação do veículo para ele seguir viagem”.
O sistema de agendamento foi implantado para tentar evitar a repetição de cenas vividas em 2013, quando motoristas enfrentaram longas filas na estrada até conseguir descarregar a mercadoria. Com o agendamento antecipado, o motorista segue para o porto de Santos na expectativa de que não vai perder tanto tempo para entregar a carga. Lá ele pode parar em um dos dois pátios de triagem: o Rodopark ou o Ecopátio. Depois, é só esperar a liberação para descarregar no terminal.
Em uma fazenda em Lucas do Rio Verde, o agricultor Julio Cinpak colheu dois mil hectares de soja. Ele vendeu a maior parte da produção e calcula o melhor momento para negociar o restante: “Eu acredito que deste saldo até a metade, até junho, a gente comercialize uma parte e segure uma parte para o segundo semestre”.
Metade da soja produzida no estado segue para exportação. Os grãos que enchem o caminhão do motorista Anderson Araújo Gonçalves vão para o porto de Santos, principal destino da soja exportada pelo Mato Grosso. O caminhão dele é mais um entre os milhares que fazem este trajeto a cada safra. Na safra passada, mais de sete milhões de toneladas de soja saíram de Mato Grosso e ganharam o mundo pelo porto paulista.
De Lucas do Rio Verde até o porto de Santos são aproximadamente dois mil quilômetros de distância. A viagem é longa e os caminhões gastam, em média, três dias para percorrer este trajeto.
O Globo Rural acompanhou o final da viagem do motorista Vanderlei de Souza, que saiu de Primavera do Leste, em Mato Grosso, e percorreu 1,3 mil quilômetros até Sumaré, em São Paulo. Ele esperou uma hora para fazer o agendamento eletrônico. No recibo, constavam informações da carga e a data em que deveria ser entregue no porto, mas sem horário definido.
Depois de uma noite de descanso, foram mais 160 quilômetros até Cubatão, onde aconteceu a próxima parada. Segundo Vanderlei, foi muito difícil usar o novo sistema: “Faz o agendamento em um lugar e depois tem que pegar a senha em outro lugar”.
Ainda havia outras etapas a cumprir. Em Cubatão, o motorista estacionou no Ecopátio. Ele entrou no local às 17h37 e esperou três horas e 11 minutos para receber a autorização para sair do pátio e ir até o terminal para fazer o descarregamento. O tempo de espera até conseguir descarregar é incerto e, segundo ele, pode levar a noite toda.
O destino final foi o terminal T-grão, dentro do porto de Santos, onde finalmente a soja vai ser descarregada. Pela frente, ainda havia mais uma fila. Vanderlei era o oitavo da fila e conseguiu descarregar as 37 toneladas de soja às 3hs.
O sistema de agendamento eletrônico está em vigor em Santos há pouco mais de um mês. Por enquanto, não há filas nas estradas. A esperança agora é que as filas não voltem e que o agricultor possa escoar sua safra com menos custo.
De acordo com a administração do pátio, a espera atual para descarregar fica entre 14 e 18 horas. No ano passado, com as filas, podia chegar a quatro dias.
FONTE: Portos e Navios