O setor de caminhões já admite que o resultado do primeiro trimestre de 2014 poderá decepcionar. Além do atraso para a regulamentação do Finame PSI, que só aconteceu em 26 de janeiro, uma mudança na burocracia de aprovação da linha de crédito tornou o processo ainda mais demorado. “O financiamento passou de simplificado para convencional, o que adiciona de 30 a 40 dias para a liberação”, explica Ricardo Alouche, vice-presidente de vendas e marketing da MAN Latin America.
Segundo ele, no processo simplificado a aprovação do crédito era feita na instituição financeira intermediadora e, em seguida, o caminhão já poderia ser faturado. No convencional, depois de aprovada pelo banco, é necessário enviar toda a documentação ao BNDES para que a liberação seja feita e a venda efetivada.
Como consequência disso, Alouche acredita que o primeiro trimestre do ano vai terminar com poucos emplacamentos resultantes de negociações feitas este ano - a maior parte do volume vem de contratos fechados ainda no ano passado. “Ficamos praticamente janeiro e fevereiro sem poder faturar novos veículos, apenas o que já tinha sido vendido em 2013. Com o carnaval, março também será fraco. Tudo isso fará com que o volume do primeiro trimestre seja tímido na comparação com o registrado há um ano”, analisa.
Carlos Reis, sócio sênior da Carcon Automotive, confirma que os emplacamentos não refletem o ritmo atual do mercado. “Nesse início de ano vemos as vendas que aconteceram até dezembro. As que efetivamente aconteceram em 2014 nós só estamos começando a sentir agora.” O consultor aponta que o nível de estoques das fabricantes de caminhões ficou baixo, já que muitas delas também ofereceram férias coletivas em suas fábricas entre janeiro e fevereiro.
Segundo ele, o cenário ainda está incerto, dificultando a projeção do ritmo que as vendas tomarão a partir de agora. “O segmento de caminhões médios ainda está fraco, o de leves está nivelado com o mesmo período de 2013, o de semipesados está abaixo e os pesados mostram crescimento”, conta Reis.
Apesar do cenário nebuloso, Alouche, da MAN, mantém o otimismo para o resto do ano. “Estamos alinhados com a expectativa da Anfavea e acreditamos que o mercado de caminhões vai crescer em torno de 5% na comparação com o ano passado”, aponta, estimando total de 167,5 mil unidades. O executivo avalia que, apesar do ano desafiador com Copa do Mundo e eleições, as vendas seguirão trajetória ascendente nos próximos meses, aquecidas pela safra agrícola e pela demanda do setor de serviços.
FONTE: Automotive Business