Em todo o país, os pátios dos Departamentos Estaduais de Trânsito (Detrans) acumulam centenas de milhares de veículos sem condições de circulação. Em relação aos veículos pesados, a Confederação Nacional do Transporte (CNT) estima que aproximadamente 230 mil caminhões com mais de 30 anos rodem pelo Brasil. Resultado: além da tecnologia ultrapassada, estes automóveis e caminhões que ainda circulam causam maior risco de acidentes e poluem o meio ambiente.
De olho neste mercado, empresas de reciclagem de veículos projetam crescimento dos negócios em 2014. A JR Diesel, por exemplo, uma das pioneiras no país em reciclagem de caminhões, espera um crescimento de 20% na receita. Em 2013, a média foi de mil caminhões desmontados e o faturamento foi de R$ 50 milhões. Até o final deste ano, o objetivo é desmontar 1500 caminhões. Em 2019, a meta é mais ousada, cinco mil veículos pesados por ano.
“Muita gente está entrando neste mercado, mais pessoas estão defendendo a bandeira da reciclagem de caminhões no Brasil”, explica à Agência CNT de Notícias o diretor de Marketing e Desenvolvimento da JR Diesel, Arthur Rufino. Ele destaca que o processo é seguro porque os caminhões são adquiridos, principalmente, de leilões de seguradoras. Quando chegam à empresa, são desmontados e as peças passam por um processo de rastreabilidade e recebem um número de série.
As peças são classificadas em três graus de qualidade: componentes em perfeitas condições, que podem ser vendidos diretamente para o consumidor final; itens que demandam algum tipo de reparação, mas que ainda podem ser vendidos para os clientes; e, por último, peças sem condições de recuperação. “Nossa demanda por produtos é muito grande. Vendemos peças para todo o país e estudamos a possibilidade de abrir lojas no Centro-Oeste e Nordeste”, conta Rufino.
Centro de Reciclagem
Outra amostra de que o mercado para a reciclagem de veículos e caminhões está em crescimento é o projeto de construção de um Centro de Reciclagem de Veículos em Minas Gerais, localizado em Belo Horizonte. O idealizador da proposta, cujas ações devem começar em 2015, é Daniel Castro, professor de Engenharia Mecânica do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG).
Segundo uma estimativa do professor, aproximadamente 90 mil veículos devem ser reciclados no estado mineiro. “Para processarmos essa matéria de forma eficiente, é preciso engenharia adequada e a utilização de todos os recursos modernos que conhecemos hoje. O volume maior de um caminhão, por exemplo, está ligado a materiais ferrosos, ou seja, peças que podem ser reaproveitadas”, explica Castro.
Além das vantagens ambientais, o professor acrescenta que o trabalho é viável economicamente. “O impacto financeiro é enorme. Um veículo convencional é formado por 60% de aço, metal 100% reciclável. Existe redução de custos quando se aproveita o material dos veículos”, pontua. De acordo com Castro, o retorno econômico é garantido e a ideia inicial é custear as operações do Centro de Reciclagem apenas com a renda obtida a partir da venda das peças recicladas.
FONTE: Agência CNT