Considerada pelos transportadores como um dos trajetos mais difíceis e tortuosos do País, tanto pela extensão quanto pela condição da infraestrutura e seu elevado custo, a rota rodofluvial São Paulo/Manaus (AM), responsável por grande parte da distribuição dos produtos produzidos na Zona Franca de Manaus (AM) e na cidade de São Paulo apresenta defasagem de 34,75% no frete, segundo a NTC&Logística (Associação Nacional dos Transportadores de Carga e Logística).
A rota abrange um trecho rodoviário de 2.960 quilômetros, o que leva cerca de cinco dias para ser concluído. Além disso, é preciso passar por uma etapa fluvial, onde os caminhões atravessam o rio de balsa, entre cinco a oito dias. Com isso, o transporte leva quase um mês e soma aproximadamente seis mil quilômetros percorridos.
“No momento, tem mais carga para ir para Manaus do que produtos para descer até São Paulo, ou seja, a gente abastece a capital do Amazonas, mas está difícil de achar carga para a volta. Pode até ser que em algum momento isso inverta, pois é uma rota com alta variação nesse sentido, mas o que a gente vê agora é um alto desequilíbrio de fluxo. Isso é um problema bastante sério para quem trafega por essa rota”, comenta Neuto Gonçalves, diretor técnico e executivo da NTC.
Quase 60% do custo total da viagem são relativos aos veículos, caso a balsa seja considerada, o percentual sobe para 78. Já os outros 22% são referentes às despesas administrativas indiretas e aos impostos incidentes, como o PIS e COFINS.
Um estudo promovido pelo DECOPE (Departamento de Custos Operacionais e Pesquisas Técnicas e Econômicas), da NTC, apontou que o custo total para efetuar a rota São Paulo – Manaus com carga tipo lotação é de R$ 36.382,70 para ida e volta, que é o valor referente a janeiro de 2014. Este custo refere-se a todo o processo envolvido no serviço de transporte, contudo não contempla lucro.
Com isso, analisando os custos da rota e o valor de mercado, a NTC concluiu que será necessário atualizar os valores dos seus custos, calculando-se uma defasagem média de 34,75% para um conjunto cavalo mecânico tracionando uma carreta de três eixos.
Em nota, a NTC afirmou que é necessário recompor os valores de frete da rota “para permitir a cobertura dos custos, a reposição das margens de lucro e assegurar os investimentos necessários para que a demanda de carga possa ser atendida dentro da normalidade”.
“É imprescindível que o pessoal do setor busque negociar com seus clientes, repassar pelo menos boa parte desse aumento, senão fica muito difícil de praticar o serviço nesse longo trecho, que já tem problemas de sobra pelo caminho”, aconselha Gonçalves.
FONTE: Transporta Brasil