A fabricante de caminhões Mercedes-Benz tem pressa em reduzir o quadro de pessoal em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, onde afirma ter 2 mil funcionários excedentes. Na segunda-feira, 7, a empresa iniciou um Programa de Demissão Voluntária (PDV) que estará aberto até julho, mas, quem aderir neste mês receberá mais salários extras do que os que deixarem para os próximos dois meses.
O foco são os trabalhadores da linha de caminhões, mas o PDV vale para todas as áreas. A fábrica emprega ao todo 12 mil pessoas. A Mercedes também vai suspender um dos dois turnos de trabalho dessa linha a partir de 5 de maio. Hoje, o setor opera quatro dias por semana.
A fabricante dará ainda férias coletivas ao pessoal da linha de CKD (veículos desmontados para exportação), mas ainda não definiu a data. Outras fabricantes de veículos estão reduzindo a produção por causa da queda nas vendas e nas exportações para a Argentina, o que levou ao aumento dos estoques.
Na sexta-feira, 2, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) divulgou que o setor tem 387,1 mil veículos em estoques, incluindo automóveis, o equivalente a 48 dias de vendas. A média é a mais alta desde novembro de 2008, no auge da crise financeira internacional.
As vendas no primeiro trimestre caíram 2,1% em relação ao mesmo período de 2013, para 812,7 mil veículos. As exportações caíram 32,7%.
Nos primeiros quatro dias deste mês, foram vendidos 57,2 mil veículos, alta de 6,5% em relação a março, mas queda de 9,3% na comparação com o mesmo período de abril de 2013.
Pacote
A Mercedes oferece até 19 salários extras para quem aderir ao PDV, de acordo com o tempo de trabalho e idade do funcionário. Quem tiver de três a dez anos de casa e até 50 anos de idade vai ganhar a partir de oito salários extras se aderir ao programa neste mês. Se deixar para junho, receberá 6,5 salários e, para julho, cinco salários.
Para quem tem mais de 30 anos de serviço e 60 anos de idade, a oferta pode chegar a 19 salários extras se a adesão ocorrer em maio. Em junho baixa para 17 salários, e em julho para 15.
Além da unidade do ABC, a Mercedes dará férias coletivas de 22 de abril a 12 de maio a 450 trabalhadores na fábrica de Juiz de Fora (MG). A MAN Latin América, fabricante de caminhões e ônibus Volkswagen, vai suspender por cinco meses os contratos de trabalho de 200 empregados em Resende (RJ).
A Ford deu licença durante toda esta semana a 900 funcionários da linha de caminhões em São Bernardo. A Scania, na mesma cidade, dará folgas dias 22 e 5 de maio. A Iveco dará férias coletivas em Sete Lagoas (MG), mas não informou data e número de envolvidos.
No segmento de automóveis, a General Motors dá férias do dia 14 ao dia 27 para 5 mil operários de São Caetano do Sul (SP) e para 400 de São José dos Campos (SP) de 14 de abril a 5 de maio. Na PSA Peugeot Citroën em Porto Real (RJ), 650 funcionários tiveram os contratos suspensos por cinco meses. Medida similar foi adotada pela Volkswagen em São José dos Pinhais (PR) para 300 pessoas.
A Renault optou pela suspensão de parte do terceiro turno em São José dos Pinhais (PR) para reduzir a produção de 1,3 mil para 1,1 mil carros ao dia.
Apesar do cenário de queda de vendas, a Ford abre amanhã uma fábrica de motores na Bahia e a Nissan inaugura dia 15 sua fábrica de carros no Rio. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
FONTE: Exame