As montadoras de carros e caminhões estão intensificando cortes de produção diante do quadro de acomodação do mercado doméstico, queda nas exportações e avanço dos estoques para o nível mais crítico desde a crise financeira de 2008.
Em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, a Scania vai dar duas semanas de férias coletivas aos operários a partir do dia 12 de maio. A montadora informou que seguirá avaliando "mês a mês" as condições de mercado para programar seus volumes de produção. Na sequência das férias, outra parada de produção na Scania, com desconto no banco de horas, está acertada para 26 de maio, de forma que os empregados só retornam ao trabalho no dia 27, diz o sindicato da região.
A companhia reforça, assim, os ajustes de produção iniciados em fevereiro. Desde então, a empresa já fez seis paradas de linha e outra paralisação também já está definida para o dia 5 de maio.
A Scania, porém, não está sozinha. Com exceção da Volvo, todas as demais montadoras de veículos pesados - como MAN, Mercedes-Benz, Ford e Iveco - vêm adequando a força de trabalho com medidas como suspensão de contratos, antecipação de férias e licença remunerada, além de paradas pontuais com desconto no banco de horas.
Somam-se ao grupo outros fabricantes do setor. A Randon, por exemplo, deu nesta semana férias coletivas de dez a 20 dias - dependendo do grupo - na fábrica de Caxias do Sul (RS) que monta caminhões fora de estrada, utilizados em trabalhos de mineração e construção.
Em Canoas, também no Rio Grande do Sul, a International, marca de caminhões do grupo americano Navistar, vai dar férias coletivas entre os dias 12 de junho e 13 de julho, segundo informações do sindicato dos metalúrgicos da região. Para completar, ainda conforme informações de sindicalistas, a Agrale fechou acordo para operar, por três meses, em esquema de semana curta de trabalho, com um dia a menos de produção. Instalada em Caxias, a Agrale, além de montar caminhões, produz chassis para ônibus, utilitários com tração nas quatro rodas e tratores.
Conforme levantamento da Anfavea, a entidade que representa as montadoras, a produção de veículos no país caiu 8,4% no primeiro trimestre, enquanto as vendas, em igual período, cederam 2,1%. Diante da retração do consumo após a retirada de parte dos descontos no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), os estoques nos pátios de montadoras e concessionárias alcançaram patamar equivalente a 48 dias de venda em março, o nível mais alto desde novembro de 2008, no auge da crise internacional. Na época, o giro dos estoques estava em 56 dias.
FONTE: O Carreteiro