Segundo estimativa do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística de Mato Grosso do Sul (Setlog MS), a cada mês partem do Estado 23 mil carretas transportando soja ou milho para os portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR). O número sobe para 30 mil caminhões com a soma de açúcar e cana. Em 2014, também segundo o Setlog MS, os transportadores daquele Estado devem comprar entre 5 mil e 6 mil caminhões extrapesados.
Para falar sobre alguns aspectos do transporte de carga daquele Estado, Automotive Business entrevistou Airton Dall’Agnol, diretor-geral da Lontano. “Para este semestre não poderei renovar parte da frota por causa do destino dos usados. Preciso vender 47 caminhões e não consigo. As pequenas empresas e os autônomos pagam juros altos pelos usados (entre 1,3% e 1,4%, segundo especialistas) e não podem usar o Finame para caminhões de 2008 ou mais antigos”, recorda Dall’Agnol, que precisa repassar ao mercado alguns de seus caminhões fabricados entre 2004 e 2007.
A Lontano planeja aumentar a frota entre 2015 e 2018 em 50 novos caminhões a cada ano. “Esse número é só de ampliação anual, sem mencionar as substituições”, diz o diretor-geral da companhia, cuja frota estaria em aproximadamente 300 veículos.
A dificuldade de conseguir mão de obra capacitada também afeta a companhia. “Tenho 27 caminhões parados por falta de motorista (...) Estamos colocando ar-condicionado e geladeira nos bitrens. Se o caminhão não estiver bom o motorista vai embora para o concorrente”, diz Dall’Agnol.
O ganho líquido dos motoristas da região estaria entre R$ 2 mil e R$ 4 mil segundo Dall’Agnol, que gostaria que o governo federal fornecesse capacitação aos condutores por causa da segurança e também porque a eletrônica embarcada é cada vez mais presente nos caminhões. Também pleiteia empenho maior das montadoras: “Acredito que elas têm de se preocupar em fazer melhor”, diz, usando como exemplo a simplicidade das entregas técnicas quando vende um veículo.
Segundo Airton, a Lontano prefere levar as carretas de soja para o porto de Paranaguá. Citou a dificuldade de coordenar os agendamentos de descarga no porto de Santos. Quando se olha o pátio de um posto de combustível em Mato Grosso do Sul, é difícil encontrar no meio de um mar de caminhões algum que não puxe uma carreta graneleira, mas nem só de soja e milho vivem essas transportadoras.
“A soja está entre 60% e 70% do que transportamos. Também levamos milho e açúcar para os portos e fertilizantes para Mato Grosso, Minas Gerais e Goiás. E trazemos gesso agrícola, empregado para aprofundar as raízes da planta”, explica.
FONTE: Automotive Business