Os caminhoneiros que precisam descarregar soja no porto do Malhado, em Ilhéus, no sul do estado, fazem fila no acostamento da BR-415 desde a última segunda-feira (19), e a situação ainda pode ser percebida nesta sexta-feira (23).
De acordo com a Companhia das Docas do Estado da Bahia (Codeba), empresa responsável pelo porto, a demora é por causa da quebra de um equipamento usado na operação de descarga, que foi consertado na quinta-feira (22). Ainda segundo a Codeba, a procura pelo porto é 50% maior do que no ano passado.
Por conta da demora, os caminhoneiros precisam aguardar cerca de oito horas na fila para descarregar o produto no porto.
Depois de dois dias de viagem, o carreteiro Vagner Moreira, que viajava com a esposa e a filha, também aguardou oito horas para descarregar a soja no porto. "É complicado, né? Está com fome e não tem como dar comida a ela [filha]", conta.
A alternativa criada para tentar melhorar a situação foi abrir uma área para estacionamento, em um terreno da Petrobras, em uma região próxima ao porto. Para deixar o veículo no local, o caminhoneiro precisa pagar R$ 25, entretanto o pátio tem espaço para somente 100 carretas e já está cheio.
Para os que conseguem chegar ao porto, a situação também é complicada. Segundo o caminhoneiro Elione Cabral, há diversos problemas na estrutura do porto. "São três banheiros, mas se tem dois funcionando, é muito. Bebedouro mesmo, não tem. Duas horas na fila para você tomar um banho. Isso é um absurdo", desabafa.
Já aqueles que ainda aguardam na fila, reclamam da falta de segurança do local. "A preocupação é sair da beira da pista, né? Provocar um acidente é daqui pra ali" reclama um caminhoneiro.
A situação atinge também as pessoas que precisam pegar ônibus em um ponto da BR-415. A aposentada Maria de Fátima Morais tem dificuldades para andar por conta de problemas de saúde e precisa andar um distância maior, por causa dos caminhões estacionados em frente ao ponto de ônibus mais próximo. "Ou eu vou pegar aí ou vou pegar lá em cima em outro ponto. Sou portadora de dois AVCs e operada de coração", explica.
Um posto de combustível próximo ao local onde os caminhões estão estacionados também está tendo problemas. "A renda do posto caiu justamente por causa das carretas. O que a gente está pedindo para eles é uma questão de bom senso, para que eles não fiquem na frente do posto porque, caso contrário, os clientes não tem por onde entrar", reclama o frentista Wanderson Xavier.
FONTE: CBN