Facchini

Usado e raro

O mercado de usados, existem modelos de caminhões que são verdadeiras raridades, por dois motivos principais: são modelos com poucas unidades produzidas ou são veículos extremamente eficientes, e obviamente, nenhum proprietário quer se desfazer deles. 
O Scania G 380 está se tornando uma das raridades dessa categoria justamente por se enquadrar na segunda hipótese – quem tem não quer vender. O caminhão é um modelo intermediário entre as cabines P (mais direcionadas às aplicações vocacionais, como construção ou curtas distâncias rodoviárias) e a R (de perfil rodoviário para longas distâncias e que carrega maior nível de sofisticação). 
Segundo o gerente de negócios do programa Superzerado da Scania, Irapuã Bezerra, esse é um modelo de entrada da família G, já que possui a menor motorização (380 cv de potência) preferida dos transportadores e que está ficando cada vez mais rara de ser encontrada, já que a indústria  de caminhões está priorizando a produção de motores com potências superiores a 400 cv. “O G 380 é um caminhão que todo concessionário gostaria de ter disponível para venda. É muito procurado, mas quem tem não quer vender”, afirma o responsável pelo programa da Scania que revende veículos usados. 
A reportagem da TRANSPORTE MUNDIAL entrou em contato com dez grandes concessionárias independentes de seminovos no Estado de São Paulo. Nenhuma loja tinha o caminhão disponível para venda no dia do contato e, unanimimente, afirmaram que o modelo tem saída realmente muito rápida, quando comparado a outros veículos de aplicações rodoviária, o que significa que o G 380 é uma ótima ferramenta para negociação. 
De acordo com Robson Bortolotto, gerente de vendas da Brasil Caminhões, o modelo é muito bem quisto pelo mercado: “Neste momento, não temos o G 380 para venda. Temos outras versões, como o G 420 e o R 440. O ano passado tínhamos três unidades para comercialização. Mas foram vendidas muito rápido”, afirma o vendedor. 
Versátil, imponente e ainda bem valorizado no mercado, o Scania G 380 realmente precisa ser levado em consideração por quem está procurando eficiência com capacidade intermediária de potência, principal atributo do caminhão. 
Mas os revendedores alertam para a motorização do modelo. Isso porque há duas versões rodando atualmente no Brasil: com motor de 11 litros e 12 litros. O especialista em veículos usados do Superzerado explica que o G 380 teve a litragem da motorização aumentada a partir de 2010, com o lançamento de uma nova plataforma de veículos para os produtos Scania. “Foi uma grande estratégia da marca. Com essas mudanças, o G 380 passou a ter um torque maior, ganhando mais 10,2 mkgf. Em composições de três eixos, o caminhão vira um automóvel desenvolto”, brinca Bezerra. 
O G 380 foi comercializado pela Scania em três configurações diferentes de eixos: 4x2, 6x2 e 6x4. Em 2010, a TRANSPORTE MUNDIAL chegou a testar o modelo na versão 6x2. A reportagem foi publicada na edição de maio daquele ano. Na avaliação, o veículo se mostrou econômico (média de consumo geral de 2,41 km/l, em um percurso de pouco mais de 260 km) e com muita desenvoltura na estrada. A versão testada tinha como principal destaque a suspensão a ar. “Na hora da manutenção, a troca de uma bolsa de ar não leva mais de 10 minutos, o que a torna mais barata em relação à mola, cuja incidência de quebra é maior, por ser sensível a buracos. Já a pneumática, ao contrário, tem um poder melhor de absorção dos impactos”, disse Eduardo Engel, engenheiro de vendas da Scania à época do teste.
A manutenção é de fato outra grande vantagem desse modelo da Scania. Isso porque a fabricante tem como estratégia a utilização de peças e componentes padronizados para seus produtos, ou seja, os motores dos diversos modelos da marca sueca utilizam o mesmo tipo de peça. Segundo Bezerra, o G 380 conta com pelo menos 40% dos mesmos modelos de peças do motores de 13 litros atuais. 
Segundo os concessionários de seminovos mais ativos no mercado, a versão do G 380 mais consolidada e bem conceituada no mercado é a de configuração 6x2, usada para o transporte rodoviário de grande escala, porém de operações para médias distâncias. “Esse modelo se sai muito bem em composições de sete eixos”, garante Bezerra. Contudo, curiosamente, em 2009, os modelos de caminhões Scania mais vendidos no Brasil foram o G 420 4x2 com 3º eixo (com 29% das vendas), o G 380 4x2 com 3º eixo (com 20%), e o P 340 4x2 (com 10%). Juntos, os três representaram 58% do faturamento da fabricante naquele ano. Os segmentos que mais demandaram veículos foram o setor de grãos (27%), seguido do transporte de carga industrial (21%), e do transporte de líquidos (11%), segundo informações divulgadas pela própria Scania. 
Hoje, o cavalo mecânico G 380 4x2 é o mais oferecido no mercado. Não se sabe ao certo se isso ocorre por conta dos caminhões com esse tipo de configuração terem muitas unidades vendidas no passado (não mais hoje) ou por serem um modelo que não cativa o transportador. Essa é uma questão que não se pode afirmar, e os especialistas se furtam a respondê-la diretamente. Fato é que o G 380 4x2, com terceiro eixo, foi desenvolvido principalmente para atender o segmento industrial e tem todas as características de um caminhão que atende por conforto e sofisticação.
A média de preço do Scania G 380 varia de R$ 170 000 a R$ 240 000, sendo que a mais barata é na configuração 4x2 e a mais cara, na configuração 6x4. Um modelo 6x2 custa aproximadamente R$ 220 000. Os valores são sugeridos para os modelos com motor de 12 litros. 

CONCORRÊNCIA
O principal concorrente do G 380 no mercado de usados é o Mercedes-Benz Axor 2640, modelo de entrada no segmento de pesados da marca alemã. O Axor conquistou o mercado principalmente pela harmonia que oferece no trem de força. O motor é o Mercedes-Benz OM-457 LA de 401 cavalos de potência máxima a 1 900 rpm e torque de 214 mkgf, a 1 100 rpm. Os cilindros estão cobertos por cabeçotes individuais com 4 válvulas por cilindro. A força desse propulsor é transmitida às rodas pela caixa de mudanças G 420 de 16 velocidades, produzida pela própria fabricante alemã.
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