O mau humor do mercado já atinge o negócio de ônibus, mesmo em um ano com promessas de aumento de demanda por conta da Copa do Mundo e eleições (que sempre trazem expectativas de renovação de frota, principalmente urbana). As empresas da cadeia amargaram uma queda significativa no primeiro semestre e trabalham para minizar o impacto no ano.
Para a fabricante de carrocerias Caio, que tem no segmento urbano 70% do seu faturamento, este deve ser um ano de queda. "A sensação de insegurança causada pelos protestos e o achatamento tarifário impedem que os empresários assumam compromissos de renovação de frota", afirma o diretor industrial da marca, Maurício da Cunha.
Segundo o executivo, a Caio registrou queda de 15% das vendas no primeiro semestre e a projeção é repetir o desempenho no fechamento de 2014. "Acreditamos que o cenário será difícil até o primeiro semestre do ano que vem", acrescenta Cunha.
O mercado de ônibus é dividido em quatro segmentos: urbano (que representa cerca de 40% dos emplacamentos), rodoviário e fretamento (16%), microônibus (14%) e escolar (30%). Este último teve início em meados de 2007, quando o governo federal implementou o programa "Caminho da Escola", que subsidia a compra, pelas prefeituras, de veículos em áreas rurais. Em 2013, houve a compra de 10 mil ônibus para este fim. "No entanto, neste ano o governo reduziu o ritmo das licitações", pondera Cunha.
Mas para a montadora Mercedes-Benz, que detém uma participação do mercado total de aproximadamente 45%, ainda que a compra do Caminho da Escola tenha sido reduzida, a iniciativa do governo é importante e deve manter a demanda aquecida para os próximos anos.
"Este já é o nosso segundo maior mercado no negócio de ônibus e acreditamos que a demanda vai ser cada vez maior no segmento escolar", afirmou na semana passada o diretor de vendas e marketing ônibus da Mercedes do Brasil, Walter Barbosa.
De acordo com a encarroçadora Marcopolo, as licitações do programa Caminho da Escola vinham em um ritmo muito forte até 2013, com média de 6 mil unidades anuais. "Porém, as compras caíram para menos da metade neste ano, o que colaborou para a queda da demanda geral e de produção do setor", afirmou ao DCI o diretor de operações comerciais e marketing da companhia, Paulo Corso.
Segundo o executivo, 2014 tem sido difícil também para o mercado de ônibus em geral e a Marcopolo vem enfrentando queda da produção nos segmentos de rodoviário, fretamento e urbano.
FONTE: Fenabrave