Diante de pedidos dos clientes, a Ford traz de volta ao mercado brasileiro a família de caminhões Série F, feita na fábrica de São Bernardo do Campo (SP). Lançada em 1975 no Brasil, a linha teve a produção interrompida no fim de 2011, após a adoção da nova legislação de emissões do Proconve P7, que obrigou a utilização de motorização Euro 5. As vendas do modelo ainda continuaram em 2012 até meados deste ano, quando terminaram os estoques. Segundo a marca, o retorno dos Série F é resposta à forte demanda dos clientes, já que não há concorrentes que atendem ao mesmo segmento no País. “Sinal claro da falta que o modelo fez foi a valorização dos veículos usados na revenda. O preço disparou”, conta Guy Rodriguez, diretor de operações da Ford Caminhões.
Agora serão oferecidas três versões do caminhão: F-350, F-4000 4x2 e F-4000 4x4, com preços que vão de R$ 101.290 a R$ 133.290. Com mais de 170 mil unidades da Série F vendidas no Brasil, Rodriguez explica que a companhia reconhece a importância modelo, mas a produção teve de ser descontinuada por questão de prioridades para aquele momento. “Quando paramos de fabricar o segmento de semileves até diminuiu. A interrupção foi uma decisão estratégica com base na limitação de recursos”, explica Rodriguez. Segundo ele, na época a montadora precisou investir no lançamento da linha Cargo com tecnologia de emissões Euro 5, com a renovação dos modelos. “Assim que paramos de fabricar a Série F já começamos o projeto para trazê-la de volta.”
O empenho para voltar a produzir e vender os modelos resultou na aprovação de investimento de US$ 70 milhões para a linha de montagem exclusiva na planta de São Bernardo do Campo, com a geração de 200 empregos. A companhia não divulga a expectativa de vendas, mas aposta no modelo para a retomada no segundo semestre (leia aqui). Rodriguez está seguro sobre o potencial dos veículos: “A Série F tem características únicas de produto no mercado. Não há concorrentes”, considera.
Para aproveitar a alta expectativa em torno da volta da linha, a companhia realizou pré-venda dos modelos pela internet. Ainda sem a versão 4x4, a Ford ofereceu 10% de desconto e duas revisões grátis aos clientes dispostos a reservar os modelos antes mesmo de eles chegarem nas concessionárias e de estarem disponíveis para test drive. O surpreendente é que a ação, pouco frequente no segmento de veículos comerciais, gerou 800 pedidos em cerca de dois meses. Do total de encomendas, pouco mais de 700 caminhões tiveram a entrada de 10% do valor já paga.
NOVA GERAÇÃO
A Série F será oferecida na rede de 140 concessionárias da Ford Caminhões. A montadora aponta que está em negociação com uma série de frotistas interessados e já participa de licitações com o modelo. Na rede a linha chega com garantia total de 12 meses e de 24 meses para o motor sem limite de quilometragem. A Série F pode ser financiada pelo Finame/BNDES e conta ainda com condições de compra pelo Consórcio Ford.
A expectativa é por maior demanda pelo F-350 em regiões urbanas, principalmente autônomos interessados em baixo custo operacional. O F-4000 4x2, segundo a fabricante, deve ter uso misto no campo e na cidade por causa de sua robustez. Já o F-4000 4x4 tem aplicações mais específicas como o segmento de manutenção (redes elétricas, telefonia, água, esgoto, aplicações rurais) e, segundo a Ford, vai atrair frotistas.
Os veículos são equipados com motores 25% mais potentes quando comparados aos da geração anterior: 2.8 de 4 cilindros, com até 150 cv de potência, fabricado pela Cummins com sistema SCR de pós-tratamento para atender a legislação de emissões. O propulsor, segundo a montadora, é ainda compatível com diesel B20, combustível com 20% de biodiesel.
“O Série F marca a vinda do motor 2.8 da família ISF para o Brasil, desenvolvido a partir da parceria da Cummins com a Ford, que demandou US$ 12 milhões no projeto de localização”, acrescenta Luis Chain, diretor de vendas e marketing da Cummins. Segundo ele, o início da produção local do motor está planejado entre o fim de 2015, para a versão 2.8, e a versão 3.8 a partir de 2016. Até lá, o motor será importado.
"A linha Série F demandará maior crescimento, mas já utilizamos o ISF 2.8 também no Agrale Marruá e já iniciamos negociações com outros possíveis clientes", conta Chain.
A Ford aponta ter alcançado redução de 150 quilos no peso no trem de força dos caminhões, dos quais 90 quilos só no motor, cujo bloco é de alumínio. As melhorias da linha atual resultam em queda de 6% no consumo de combustível comparada com a versão Euro 3. Nas medições da Ford o tanque de Arla 32 do veículo, agente a base de ureia utilizado em motores SCR, teve autonomia para rodar até 4 mil quilômetros ou quatro tanques de diesel. A Ford aponta ainda ter alcançado bom resultado na redução da vibração no interior do veículo.
Com transmissão Eaton de 5 velocidades e 40 quilos mais leve, o modelo traz ainda eixo traseiro Dana revisado, além de ABS com distribuição eletrônica de frenagem (EBD) de série. "Esse aprimoramento é sentido também no nível reduzido de vibração na cabine: em marcha lenta, tanto a vibração no volante como no banco do motorista é reduzida em mais de 60% em comparação com o modelo anterior", enfatiza o engenheiro Nelson Palmério.
A companhia não divulga o potencial produtivo para o modelo na planta no ABC paulista. Rodriguez detalha apenas que a unidade tem capacidade para fabricar 155 caminhões por dia, considerando toda a linha de produtos. Atualmente a fábrica trabalha em um turno de produção.
FONTE: Automotive Business