A otimização do tempo de trabalho, aliada à produtividade e à geração de ganhos, tornou-se prática decisiva no mercado de equipamentos. Numa frota de locação, por exemplo, o bom desempenho das equipes nos canteiros somado ao aproveitamento adequado dos recursos técnicos das máquinas, além de melhorar o rendimento, permite ao prestador de serviço antecipar prazos e realizar uma eficiente gestão.
Mas quando essa busca começa a refletir em operações acima do limite da capacidade em cargas ou transporte, os aparentes ganhos resultam em prejuízos a médio e longo prazo. O excesso de peso no transporte de cargas é o maior responsável pelo desgaste do veículo e dos pneus, faz o veículo consumir mais combustível e prejudica a conservação do asfalto, ou seja, o problema não só causa danos ao proprietário do caminhão como também atinge grande parte da sociedade.
Estudos feitos pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) demonstram que um caminhão com 50% acima do limite de carga causa dez vezes mais danos ao pavimento do que se estivesse com o peso dentro da lei. Numa região com rodovias em condições precárias, a baixa qualidade do asfalto e a ação das chuvas tornam essa situação ainda mais alarmante, pois comprometem a segurança dos veículos e aumentam a probabilidade de acidentes.
Vale destacar também que, de acordo com estudos feitos pelo Instituto Militar de Engenharia em parceria com o Ministério dos Transportes, o Brasil perde anualmente 1,5 bilhão de reais devido ao excesso de peso das cargas de muitos caminhões que trafegam pelas rodovias.
Para mecânicos e carreteiros, os excessos não compensam um eventual lucro no custo final do frete, que acaba sendo diluído no aumento das despesas com a manutenção do bruto, além do risco de ser pego nas balanças ainda em funcionamento nas estradas brasileiras. Com isso, o risco de multas fica mais evidente e obriga os proprietários a transferir parte da carga para outro caminhão.
“O excesso de carga, além de provocar sérios acidentes, chega a reduzir em 50% a vida útil dos caminhões e de seus componentes”, informa o presidente da Associação Baiana das Empresas de Locação de Máquinas e Equipamentos (Abelme), Waldemir Rodrigues de Oliveira, diretor da Laimaq Equipamentos. Além de orientar os locadores para evitar a sobrecarga de caminhões, ele recomenda que, para manter a regularidade na performance dos veículos, é necessário que a lubrificação seja constante nos eixos e o óleo diesel seja de boa procedência.
Mesmo assim, alguns usuários insistem em transportar peso acima do permitido, principalmente no carregamento de granito, areia, madeira e grãos, aproveitando o fato de a fiscalização ainda estar muito aquém da ideal. Quando um cliente adquire um caminhão “truckado” ou traçado (6x4) de 6.000 quilos no eixo dianteiro e 17.000 quilos nos dois traseiros, ao passar na balança esse veículo deve pesar até 23.000 quilos já carregado.
Um veículo com sobrecarga também não consegue frear com eficiência. O sistema de frenagem é dimensionado para conter o peso técnico estipulado pelo fabricante. De acordo com especialistas, todo caminhão tem freio de serviço e motor, com três a quatro estágios, e o motorista precisa utilizá-los.
O Dnit também aponta sobre o prejuízo do asfalto em relação ao peso excedente, isto é, o pavimento sofre muito mais com a sobrecarga que o próprio caminhão – 10% de excesso de peso não equivalem a 10% a mais de desgaste asfáltico. Dependendo do tipo de asfalto, o prejuízo deve ser elevado da 3ª à 6ª potência. Uma sobrecarga de 7,5% aumenta em 34% os danos, reduzindo em ¼ a vida útil do asfalto.
Como o pavimento das rodovias brasileiras é projetado para durar de oito a dez anos, se muitos caminhões trafegarem com 7,5% de excesso de peso, o asfalto vai durar no máximo de seis a 7,5 anos.
RESPONSABILIDADE
O motorista é o único responsável pela maneira correta e econômica de conduzir um caminhão. Cabe somente a ele extrair todas as possibilidades oferecidas pelo veículo, e estar sempre atento às condições de rentabilidade que influenciam na durabilidade do equipamento.
“As tecnologias evoluem, motores tornam-se mais potentes, econômicos e menos poluentes, a eletrônica facilita desde a transmissão até os freios. O profissional do volante deve ser enxergado pelos proprietários como um agente ativo para ajudar diretamente o empresário ou então colaborar com a redução de prejuízos mensais a cada operação”, diz Fernando Forjaz, presidente da Associação Brasileira de Locadoras de Equipamentos (Alec).
“O peso da carga deve ser sempre o regulamentado pelos fabricantes e implementadores, e o motorista deve observar sempre o piso do local de trabalho ou de trânsito do veículo que vai operar e saber das retorções que poderão ocorrer durante o serviço”, acrescenta.
FONTE: Guia do TRC