Com desempenho abaixo da média do mercado, a MAN Latin America espera chegar a dezembro com produção e estoques adaptados a uma realidade de vendas menores, disse ao Valor o presidente da montadora, Roberto Cortes. Além da diminuição da produção, que já vem ocorrendo, a empresa ainda prepara para o fim do ano mais um período de férias coletivas - o terceiro só em 2014 -, com duração de 20 dias.
Em agosto, a MAN tinha suspendido temporariamente até janeiro o contrato de 100 trabalhadores - o chamado "layoff". Antes disso, 200 empregados, que estavam em "layoff" desde março, se desligaram da empresa após indenização. De janeiro a julho, 20,3 mil caminhões da marca MAN foram licenciados, queda de 16% ante igual período de 2013. Em média, dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) mostram que as vendas de caminhões recuaram 13,6%.
"O quadro não vai mudar até o fim do ano, principalmente por causa da indefinição política. Ainda não se tem certeza da política econômica no próximo ano, o que tem levado empresários e caminhoneiros a postergar investimentos", diz Cortes. Em sua avaliação, 2015 reserva mais incertezas. Segundo ele, não é possível saber como estará a confiança de empresários e consumidores, se haverá manutenção do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), do BNDES, nem o impacto dos reajustes da energia elétrica na inflação.
"Vejo essas dúvidas e a atual desconfiança do mercado como algo conjuntural, momentâneo. Estruturalmente, ainda estou otimista. Afinal, o Brasil vai voltar a crescer e existe uma necessidade de renovação da frota. O que está acontecendo é um represamento do investimento, que em algum momento deverá voltar a acontecer", diz. Além do mercado doméstico, outro impacto nas vendas da MAN vem das exportações, sobretudo à Argentina. Cortes relata que o comércio com o país vizinho recua 35% em razão da crise argentina.
FONTE: Fenabrave