Facchini

Financiamento 100% traz alívio a caminhão

Apesar de a queda nas vendas de veículos pesados ter persistido de julho a agosto, o setor está mais otimista quanto ao fechamento do ano. A esperança de o último quadrimestre sinalizar alguma recuperação vem da medida anunciada pelo BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico), que permite o financiamento de 100% de bens de capital pela linha PSI/Finame. Até então, até 90% do valor de um caminhão podia ser financiado. A taxa de juros, de 6% ao ano, também foi mantida. 
Durante reunião da Anfavea, associação dos fabricantes de veículos, na quinta-feira, 4, Marco Saltini, diretor de relações governamentais e institucionais da MAN Latin America e um dos vice-presidentes da Anfavea, disse que a nova medida pode trazer um bom incremento para os próximos meses. 
- Veja aqui os dados da Anfavea. 
“Este ano não está sendo nada fácil. Começamos com as operações de Finame paradas. Depois passamos pelo processo de Finame simplificado para facilitar a tomada de crédito. Ambos os processos, até que fossem implementados, postergaram as vendas. Hoje temos crédito disponível, mas ainda padecemos de alta seletividade dos agentes financeiros e da recessão econômica. Mas a procura por caminhões tem aumentado ao passo que o Finame/PSI passou a financiar 100% do bem. É a esperança que nos restou para o último quadrimestre”, explica Saltini. 
Com a medida em vigor, o vice-presidente acredita que será possível atender as previsões da Anfavea: aumentar as vendas de caminhões em 5% neste segundo semestre em relação ao primeiro e anotar queda de cerca de 15% em todo 2014 na comparação com 2013. “O cenário poderia ser ainda pior neste fim de ano sem 100% do financiamento”, aponta. 
Saltini calcula que as vendas de caminhões neste ano fiquem em torno de 128 mil a 130 mil unidades. “É uma retração alta, mas ainda sim é o quinto melhor ano na história para o setor de caminhões. Só perderá para outros anos de forte economia: 2013 (com 155 mil unidades), 2012 (139,1 mil), 2011 (foi recorde com 172,8 mil unidades por causa do Euro 5), e 2010 (157,7 mil caminhões). Acredito que voltaremos ao patamar de 150 mil unidades nos próximos anos.” 
A linha PSI/Finame do BNDES está prevista até o próximo ano. Mas, para 2015, ainda não tem taxa definida. “Em teoria, o financiamento de 100% do bem de capital permanece enquanto o PSI está ativo. Mas nada é garantido em nosso País”, comenta o vice-presidente. 
Outra medida que poderia ajudar no incremento da demanda de veículos comerciais, o programa nacional de renovação da frota, ainda está longe de sair do papel. Luiz Moan, presidente da Anfavea, conta que a proposta já foi entregue ao governo federal e está sendo discutida exaustivamente. “Mas ainda há muitos detalhes a serem definidos. Há pontos no programa que exigem alteração legislativa. Para mudar leis leva tempo, o que significa que ainda teremos de esperar”, declara Moan. 

DESEMPENHO ATÉ AGOSTO 
De acordo com os números da Anfavea, os emplacamentos de caminhões somaram 87,8 mil unidades de janeiro a agosto deste ano. O volume é 14,2% menor do que o anotado em igual intervalo do ano passado. O segmento que teve a maior retração nos últimos oito meses foi o de semileves, de 33,4%; seguido pelo de leves, com queda de 25,5%. Saltini lembra que ambos os segmentos estão sendo substituídos por comerciais leves por causa das restrições à circulação em grandes centros. Fora isso, seus compradores, que têm menor poder aquisitivo, são os mais prejudicados com a alta seletividade do crédito. Já os caminhões médios são os mais requisitados. Suas vendas caíram apenas 0,5% no comparativo anual. 
Somente em agosto, o mercado absorveu 10,8 mil caminhões, em queda de 12,8% em relação a julho e de 18,3% na comparação com agosto de 2013. Neste último mês, as vendas que mais caíram foram as de leves, o equivalente a 13,4%. Saltini explica que agosto foi bastante prejudicado por causa dos ajustes de contratos da linha PSI/Finame. Além disso, boa parte das vendas ainda não foi contabilizada porque os veículos ainda estão recebendo seus implementos. “A partir de setembro, deveremos registrar resultados mais positivos”, aponta o vice-presidente. 
Como reflexo da queda nas vendas, a produção de caminhões continua a ser ajustada para conter os estoques. O volume fabricado caiu 22,7% nos primeiros oito meses na comparação com igual intervalo do ano passado, para 100,2 mil chassis. Desse total, saíram das fábricas 11,9 mil caminhões em agosto, volume 2,9% menor do que o observado em julho e 35% mais baixo do que o montado em igual mês de 2013. 
As exportações de caminhões encolheram 26,3% nos primeiros oito meses na comparação anual, para 12,1 mil unidades embarcadas. O primeiro semestre foi prejudicado pela demorada negociação do novo acordo automotivo entre Brasil e Argentina, nosso principal comprador. Mas em agosto, com o acordo firmado, já houve indício de recuperação nas exportações. O mês fechou com 1,5 mil caminhões enviados, em alta de 19,6% sobre julho, mas ainda queda de 49,6% em relação a agosto de 2013. 

ÔNIBUS 
O segmento de ônibus encerrou os primeiros oito meses com 17,7 mil unidades licenciadas, em queda de 16,5% sobre igual período de 2013. Desse total, 2,1 mil unidades foram emplacadas em agosto, que teve leve alta de 0,2% sobre julho, mas ainda registra queda de 24,3% em relação ao ano passado. 
De janeiro a agosto, foram produzidos 26,2 mil ônibus no País, 8,4% a menos do que no mesmo intervalo de 2013. Na comparação entre agosto com julho, houve alta de 44,7%, para 4,1 mil unidades. O volume do último mês é também 25,4% maior do que agosto do ano passado. 
As exportações de ônibus caíram 23,8% no acumulado do ano, para 4,5 mil unidades. Desse total, 624 ônibus foram embarcados em agosto, o que representa um volume 1,1% maior do que o observado em julho, mas 15,1% menor do que o anotado em igual mês do ano passado.
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