O empresário Claudio Adamucho, proprietário da maior frota de caminhões pesados do Brasil, declarou que ser caminhoneiro, no Brasil, deixou de ser uma profissão romântica para se tornar uma função de risco. Adamucho participa do Fórum Caminhos da Safra, evento promovido pela revista GLOBO RURAL, em São Paulo (SP), na manhã desta terça-feira (16/9).
"São viagens tensas, cheia de incidentes, acidentes. A nossa profissão deixou de ser bacana, é um risco ser motorista de caminhão nos dias de hoje", disse o empresário, que afirmou também que atualmente há um déficit de 150 mil motoristas de caminhão. "Quem pode deixar de ser, deixa. Há um apagão de mão-de-obra nesse setor".
Adamucho conta que em 90% das estradas brasileiras, há trechos muito esburacados, nos portos há filas que demoram horas e o número de acidentes nas estradas é cada vez maior. "É um martírio. Você vê um colega ferido e pensa que poderia ser você", disse.
Os acidentes, segundo ele, podem acontecer por inúmeros problemas, que vão desde a desatenção do motorista até problemas nos veículos, mas a grande maioria deles acontece porque as condições das estradas são muito ruins. "Aí, existe a lei de que o motorista de caminhão precisa fazer paradas a cada quatro horas. E eu pergunto: existe algum ponto de parada para os motoristas? Tem jeito de ficar parado numa estrada lá no Mato Grosso? A resposta é não, não tem", desabafa. "A lei existe de um lado, mas o governo não cumpre a sua parte. Quando um funcionário seu tem um acidente, se fere ou vai a óbito, em um acidente provocado por más condições das estradas, o governo não te ajuda um centavo".
Questionado pelo mediador se investimentos em hidrovias e ferrovias poderiam melhorar a situação do setor, Adamucho é enfático: "Sim. A situação ideal para os motoristas é percorrer trechos menores, da propriedade até um porto, até um terminal ferroviário. Isso é o correto", afirmou. O empresário, porém, afirma que seria necessário mudar o sistema. "Os pedágios têm que existir sim, mas as concessionárias das rodovias, devem ser obrigadas apenas a cobrar um valor para manter a rodovia e não para pagarem inúmeros impostos para o governo".
FONTE: Globo Rural