O projeto-piloto de entregas noturnas de mercadorias na capital paulista teria início na madrugada desta segunda-feira (13). A iniciativa da prefeitura e de entidades do setor de vendas a varejo e transportes pretende dar ganho de produtividade para as empresas e melhorar o trânsito da cidade. A movimentação de mercadorias das 18 empresas participantes só vai ocorrer das 21h às 5h. O piloto é na zona oeste.
As companhias atuam entre a avenida Doutor Arnaldo e a rua Heitor Penteado, na zona oeste, e a marginal Tietê. Moradores da região temem impacto no sossego noturno.
A ideia é fazer o projeto-piloto por 30 dias. Nesse período, as empresas vão mudar suas operações e a gestão Fernando Haddad (PT) vai coordenar agentes da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) e das subprefeituras, dando o apoio logístico, como poda de árvores, para melhorar a circulação dos caminhões, e troca da iluminação pública, para diminuir a insegurança. A Polícia Militar e o Psiu (Programa de Silêncio Urbano) também estão envolvidos no programa.
O projeto-piloto é uma demanda do Setcesp (Sindicato das Empresas de Transporte de São Paulo) e do IDV (Instituto de Desenvolvimento do Varejo). Eles reuniram as empresas voluntárias, que somam 22 lojas de rua e 14 em shoppings, como conta o presidente do Setcesp, Manoel Souza Lima Junior.
— Batemos muito na porta do secretário (Jilmar) Tatto para viabilizar a entrega noturna. Ela é para grandes home centers, shoppings, supermercados. Não é para a lojinha da rua Augusta, que nem abre durante a noite.
Lima Junior explicou ainda que as entregas noturnas irão retirar caminhões das ruas.
— Nos grandes locais, o caminhão entra e operamos, com segurança e eficiência. [...] Estamos falando de negócios. Tem de ser bom para todos: para a cidade, que vai ganhar um trânsito com menos caminhões, e para o comércio, que terá ganhos operacionais.
Fiscalização
Por ser projeto voluntário, não há previsão de multas. A CET, no entanto, espalhará faixas orientando motoristas sobre hábitos a serem evitados, como buzinar ou acelerar o motor dos caminhões desnecessariamente.
Moradores de bairros incluídos no quadrilátero do projeto-piloto já veem com preocupação a medida, que implica caminhões entrando nos bairros durante a madrugada, como afirma Rodrigo Mauro, membro da Associação Viva Pacaembu, na zona oeste.
— Primeiro, tenho a dizer que não fomos consultados e não sabíamos da proposta. Depois, é preocupante pensar em caminhões fazendo barulho no horário de descanso da população. Pode ser ruim.
O secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto, também está preocupado como barulho como o aviso sonoro da marcha dos caminhões.
— Nossa preocupação é quando o caminhão precisa dar a ré. Isso, e as gritarias, conversas muito altas.
No entanto, a orefeitura, diz Tatto, não espera por reações negativas dos moradores da região.
— O que vamos fazer é ocupar um espaço de circulação muito saturado ao longo do dia no horário em que ele é ocioso. Uma quantidade de caminhões deixará de circular durante o dia para operar à noite, com a expectativa de melhoria na circulação.
Depois dos 30 dias iniciais, técnicos de logística da Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo) farão análises com os participantes. Em dezembro, um segundo projeto-piloto será implementado, em área maior. Em fevereiro, haverá nova rodada, em perímetro ainda maior. Depois, a proposta final será apresentada.
União
Uma das redes participantes é o Grupo Pão de Açúcar. O diretor encarregado pelo projeto na empresa, Paulo Pompilio, diz que "não são só as pessoas que sofrem com o trânsito. Nós também estamos presos nas metrópoles, tentando movimentar nossas mercadorias".
— Só vamos encontrar soluções se trabalharmos juntos.
Pompilio diz que alguns tipos de produtos poderão precisar de entregas diurnas — restaurantes, por exemplo. No entanto, ele afirma que outros setores podem aproveitar melhor as restrições.
— Se a empresa já tiver um funcionamento noturno, será melhor. O que é preciso é encontrar um equilíbrio entre custo de operação e eficiência na movimentação das mercadorias.
FONTE: R7