Apesar do conceito BRT (Bus Rapid Transit ou trânsito rápido de ônibus em português) ter nascido na cidade de Curitiba (PR), há alguns anos Bogotá, capital da Colômbia, é referência mundial em transporte urbano com ônibus. Agora, Bogotá quer ser referência mundial em sustentabilidade no transporte público de passageiros com uso de ônibus. Para entender como isso ocorrerá fomos até à capital colombiana para conhecer o Plan de Ascenso Tecnológico (Plano de Melhoria Tecnológica).
A gestão da mobilidade via ônibus por lá é feita por uma empresa de economia mista (público privada), mas sob comando da prefeitura. Trata-se da Transmilenio S/A, que controla o BRT e o SITP (Sistema Integrado de Transporte Público). Partindo do princípio que fazer metrô é muito caro para países emergentes, a prioridade é oferecer um serviço eficiente e, agora, o mais sustentável possível, até onde a tecnologia disponível e os recursos permitirem. Para se ter uma ideia, a cidade já comprou 500 ônibus híbridos da Volvo, todos fabricados em Curitiba. Cerca de 200 já estão rodando na cidade e podem ser vistos a todo momento pelas ruas bogotanas. Outros 150 serão entregues até o final deste ano e início do próximo. Os 150 restantes serão entregues até o final de 2015.
A Volvo Bus Latin America é a maior parceira de Bogotá na formação da frota do SITP, com mais de 1 500 ônibus entre convencionais, articulados, biarticulados e híbridos. Porém, a Volvo só fabrica modelos para a partir de 80 passageiros. Segundo o presidente da Transmilenio, Sergio Paris, a maior dificuldade está em encontrar tecnologia limpa para os ônibus menores. A única disponível na América Latina é a movida a GNV (Gás Natural Veicular), mas que não funciona bem lá por causa da altitute de 2 640 metros. A frota de modelos pequenos lá é toda de ônibus muito antigos, Euro 0, mas a preocupação da municipalidade de tirar esses veículos de circulação é forte. Assim que tecnologias, como o ônibus elétrico, estiverem mais maduras, a cidade irá priorizar essa opção. A curto prazo, parte dos ônibus menores serão trocados por modelos de 80 lugares Euro 5 até mesmo para reduzir a frota total do SIPT de 13 000 unidades para 9 000.
Mesmo sendo referência mundial em BRT, o sistema já está saturado nos horários de pico, quando são transportados mais de 240 mil passageiros hora/sentido só nos corredores. Para solucionar o problema em curto prazo, todos os 69 ônibus articulados — de 18 metros de comprimento e capacidade para 160 passageiros — serão trocados por biarticulados — com 27,2 metros e capacidade para 260 passageiros.
Os híbridos que já rodam em Bogotá contam com dois motores, um elétrico e outro a diesel. O elétrico atua nas arrancadas até chegar a 20 km/h, quando o motor diesel entra em funcionamento. Como a velocidade média é de 26 km/h, a maior parte do tempo, no anda e para do trânsito, o ônibus está abaixo de 20 km/h, portanto, usando bastante o motor elétrico. As baterias do motor elétrico pesam 200 kg e são recarregadas com a energia gerada nas frenagens.
Apesar da Volvo informar que o híbrido pode economizar até 35% no consumo de diesel, Sergio Paris nos informou que a economia apurada lá fica entre 25% e 30%. No entanto, ele ressaltou que essa economia é suficiente para pagar qualquer custo maior apresentado por essa tecnologia. Além disso, é que os modelos híbridos têm uma vida útil maior, de 15 anos na frota contra a de dez anos dos ônibus convencionais, o que faz aumentar a rentabilidade do investimento.
Considerando que o maior ganho buscado é o ambiental, além da menor emissão de CO2 equivalente ao seu menor consumo, o híbrido emitem 50% menos de material particulado e NOx (óxidos nocivos à saúde). Outra vantagem do híbrido é que ele é mais silencioso e não emite ruídos em cerca de 30% a 40% do tempo.
FONTE: Transporte Online