Facchini

Balanço do mercado de caminhões e ônibus em 2014

É inevitável a decepção quando se trata das vendas de caminhões no Brasil. Os primeiros 11 meses de 2014 registram queda de 12% – passou das 140 mil unidades de 2013 para 123 mil, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, a Anfavea. Mas o clima nesse final de ano não chega a ser de desânimo. As perdas nos emplacamentos atingem todos os tipos de veículos automotores no país, porém há um consolo entre os caminhões. “Nos pesados e semipesados, teremos um recuo de pouco mais de 10% em relação a 2013. Mesmo assim, se trata do quarto melhor ano da história”, avalia Bernardo Fedalto, diretor de caminhões da Volvo no Brasil. “Temos um mercado total de caminhões que caiu em volume de vendas. Por outro lado, a indústria fica num patamar excelente se compararmos com o passado”, engrossa o coro o diretor de vendas de caminhões da Scania no Brasil, Victor Carvalho.
A queda registrada pela Anfavea entre janeiro e novembro é explicada por especialistas em função da desaceleração da economia e, principalmente, pela demora na oficialização do PSI, Programa de Sustentação do Investimento do BNDES, que oferece taxas vantajosas no financiamento de caminhões. Como a liberação do PSI só ocorreu no final de janeiro, quase dois meses de vendas foram perdidos. Este fato retardou a aprovação dos pedidos de financiamento que estavam acumulados desde o ano passado.
Mas outros fatores foram decisivos nessa inibição de vendas. “A deterioração em vários indicadores macroeconômicos, a Copa do Mundo e as eleições presidenciais impactaram o mercado de forma negativa”, atesta Marco Borba, vice-presidente da Iveco para a América Latina. Entre outros transtornos, o mundial de futebol realizado no país inseriu feriados atípicos. E a disputa presidencial gerou um clima de incerteza a respeito do futuro. “Foram menos dias de produção e vendas e muita indefinição no cenário econômico. Tivemos de readequar processos para nos mantermos competitivos”, explica Ricardo Alouche, vice-presidente de Vendas, Marketing e Pós-Vendas da MAN Latin America.
Poucas foram as novidades que surgiram no mercado de caminhões brasileiro em 2014. A Volvo lançou uma edição especial em comemoração aos 20 anos de sua linha FH e também inseriu o câmbio I-Shift no line-up de seu modelo VM. Já a Mercedes-Benz sofisticou os seus Axor, Actros e Atego. Itens como cabine com cama dupla, assentos e suspensão, já presentes no extrapesado Actros, foram inseridos no pesado Axor e no semipesado Atego. A versão topo do Atego, 2430, e a linha Axor passaram a contar com o opcional câmbio automatizado PowerShift e Axor, Actros e Atego 2430 receberam melhorias no eixo traseiro. A Ford relançou o semileve F-350 e o leve F-4000 – que haviam sido encerrados em 2011 – e ainda deu ao último uma versão 4X4, tornando-o o único caminhão leve com tração integral comercializado no Brasil. E a Iveco lançou, no mês passado, o Tector 150E21 Economy 4X2, que a marca italiana tenta posicionar em um nicho entre os médios e os semipesados. O Peso Total Bruto do novo caminhão é 15.400 kg e o modelo é destinado para entregas urbanas e também para curtas e médias distâncias rodoviárias.
As fabricantes são unânimes ao apontar o Brasil como um dos principais mercados globais não só de caminhões, mas também de ônibus. Tanto que algumas marcas que só trabalham com modelos importados no país já começam a instalar fábricas por aqui. Caso da chinesa Foton Beiqi, que tem mais de 25 concessionários implantados nas principais regiões brasileiras e se prepara para inaugurar, em 2016, sua unidade fabril em Guaíba, no Rio Grande do Sul. “Importamos em 2014 1.300 unidades da China, o que nos coloca como o segundo mercado da empresa na América Latina”, avalia Luiz Carlos Mendonça de Barros, presidente da Foton Caminhões no Brasil. 
Já o mercado de ônibus encerrou novembro com vendas acumuladas em 25,2 mil unidades, também segundo a Anfavea. Esse resultado representa uma retração de 15,2% frente ao mesmo período em 2013, quando foram registradas 29,7 mil vendas. “Para que toda a cadeia progrida, é necessário que haja o comprometimento das lideranças políticas em relação ao transporte como um todo”, acredita Ricardo Alouche, da MAN. A torcida por uma ajuda federal é unânime. “Com incentivos e juros baixos, o mercado já provou que reage bem”, enfatiza Eduardo Monteiro, responsável por vendas de chassis urbanos da Scania do Brasil.
FONTE: Salão do Carro 
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