Executivos do segmento de veículos pesados estão apreensivos quanto à possibilidade de encerramento do programa BNDES Finame PSI, atualmente a principal ferramenta para aquisição de caminhões, ônibus, máquinas agrícolas e implementos rodoviários no mercado brasileiro, no ano que vem.
O anúncio da manutenção do programa para 2015 ocorreu em junho, pelo Ministério da Fazenda. Porém nenhum pormenor ou regulamentação foi divulgado desde então.
Os pedidos de financiamentos para a linha PSI Finame encerram-se nesta sexta-feira, 5, mas muitos bancos já não estão mais aceitando novos cadastros. O programa vale até 31 de dezembro mas é necessário um prazo anterior para aprovação das fichas e outros trâmites do financiamento.
Fontes ligadas a pelo menos duas grandes montadoras do segmento confidenciaram à Agência AutoData severa preocupação diante da demora na definição nas regras do programa para o ano que vem e, em especial, pelas claras indicações de alteração nos rumos da política econômica da nova equipe ministerial do segundo mandato da presidenta Dilma Rousseff.
Estas fontes admitiram que já trabalham com uma espécie de Plano B, desenhando cenário de mercado para o ano que vem sem o programa de financiamento subsidiado do BNDES – embora também não exista nenhuma confirmação com relação à sua descontinuidade.
Uma fonte graúda do segmento revelou à reportagem que uma das alternativas em estudo pelo governo é a manutenção do PSI apenas até julho, e com taxa de juros de 9% ao ano a partir de janeiro.
“Seria uma maneira de manter o mercado organizado até que ele consiga voltar a andar com suas próprias pernas, com os instrumentos convencionais”, entende a fonte.
Esses instrumentos convencionais seriam as linhas de crédito alinhadas à TJLP, Taxa de Juros de Longo Prazo, atualmente em 5% ao ano acrescida da inflação do período. Segundo a fonte, o sistema funcionava “muito bem” antes da criação do Finame PSI, em 2009 – como forma de enfrentar a crise financeira global.
Outra fonte da área financeira sinalizou a mesma possibilidade porém acrescida do fim da oferta de financiamento de 100% do bem, disponível na linha atual. Essa alternativa, segundo a fonte, mexeria com o mercado, pois reduziria a procura de caminhões novos por pequenos frotistas, que migrariam para o segmento de usados.
É consenso no setor, entretanto, que um rápido anúncio das futuras regras do PSI, ou mesmo de sua extinção, é importantíssimo independentemente de seu teor. Há o temor que ocorra em 2015 um fenômeno semelhante ao do início deste ano, quando a demora na regulamentação do programa provocou represamento nos pedidos e estancou o mercado no primeiro trimestre.
Coutinho confirmou que haverá aumento da taxa de juros nos empréstimos, porém compatível com a viabilidade dos projetos. “O objetivo não é tornar os aportes inviáveis, mas atender à orientação da política econômica ao mesmo tempo em que possamos cumprir a missão de financiar o setor privado de maneira adequada.”
Ao mesmo tempo foi publicada na edição de quarta-feira, 3, do Diário Oficial da União, a Medida Provisória 661, que liberou mais R$ 30 bilhões em recursos ao BNDES. Esse valor, entretanto, não é adicional: servirá para fechar a conta dos financiamentos deste ano, de acordo com o atual ministro da Fazenda.
À Agência Brasil, Mantega fez coro aos que temem redução no montante de recursos disponíveis para o ano que vem: segundo o ministro esse tipo de transferência em 2015 “certamente será menor”.
FONTE: AutoData