O segmento de veículos comerciais pesados encerrou 2014 com queda generalizada: o setor amargou retração de 12,1% nas vendas na comparação com o ano anterior, considerando caminhões e ônibus, com o total de 164,6 mil unidades licenciadas contra volume de 187,4 mil de 2013. Com pouco mais de 137 mil caminhões, o segmento fechou o período 11,3% menor. A entrega de ônibus diminuiu 16,3%, para 27,5 mil chassis, conforme dados divulgados na quinta-feira, 8, pela Anfavea, associação das fabricantes.
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“Um dos fatores para o resultado é que tivemos um ano de apenas 10 meses de operações”, afirma Luiz Carlos Gomes de Morais, vice-presidente da entidade e diretor de relações institucionais da Mercedes-Benz do Brasil, ao lembrar a dificuldade do setor no início do ano passado devido ao atraso da regulamentação do Finame/PSI, definida apenas no fim de janeiro. “Já no último mês de 2014, com o limite imposto pelo BNDES para contratos até 5 de dezembro, a maior parte dos licenciamentos do mês foi resultado dos negócios fechados em outubro e novembro”, completa o executivo. Com a antecipação de compra, os licenciamentos de caminhões registrados em dezembro foram 12,6% maiores do que os de novembro ao totalizar 13,6 mil unidades.
Apesar de ainda não ter feito projeção de vendas de caminhões para 2015, a Anfavea acredita em um ano ainda difícil para o segmento de pesados. Mesmo com a continuação do Finame/PSI, as novas condições da linha de financiamento devem trazer mais barreiras do que alívio. Divulgadas (mas não regulamentadas) no fim de dezembro pelo governo, as novas regras trazem taxas de juros mais altas, prazos reduzidos e exigência de entradas fixadas em 30% para pequenas e médias empresas e de 50% para grandes.
O BNDES também deixou de financiar 100% do bem, passando a subsidiar 50% do valor total para grandes empresas e 70% para pequenas e médias. O restante do valor, que pode chegar a 90% financiado, pode ser subsidiado pelas chamadas taxas variáveis a partir de três opções de definição de taxa: cesta de moedas mais a TJLP (taxa de juros a longo prazo); cesta de moedas mais variação do dólar e variação média da Selic mais spread do BNDES. O executivo informa que essas condições ainda estão sendo avaliadas pelos bancos e que a composição da taxa fixa e a taxa de mercado dependerá da capacidade e ficha cadastral de cada cliente. Ele acrescenta que os negócios a serem realizados durante janeiro devem ser operados pelo Finame comum, cuja taxa é baseada na TJLP.
“Será um primeiro semestre difícil, mas esperamos a recuperação da confiança”, comenta o vice-presidente da Anfavea. Ele acrescenta que o fator taxa é importante, mas que a entidade considera outros fatores para compor a estimativa de desempenho. “Para caminhões tem de haver mercadoria para transportar.” Morais acredita que, apesar do cenário pouco animador, com PIB estagnado e condições de financiamento não muito favoráveis, o setor de infraestrutura pode “dar um respiro a mais” para a venda de pesados no País.
Já para ônibus, que também depende substancialmente do Finame/PSI, o executivo aponta que pode haver um desempenho melhor, mas não arrisca uma projeção mais concreta. “Com tarifas agora reajustadas, as operadoras visam mais capacidade de transporte. A nova lei de concessão de linhas intermunicipais também pode influenciar [no segmento de rodoviários], apesar de o reflexo se estender por mais quatro ou cinco anos”, conclui.
PRODUÇÃO E EXPORTAÇÕES
O resultado de entregas ao exterior também foi negativo: as exportações de caminhões reduziram 29,1%, para 17,7 mil unidades contra as 25 mil do ano anterior. No mesmo compasso, os embarques de ônibus diminuíram 32,4%, para pouco mais de 6,6 mil chassis.
Com vendas em baixa, a indústria também reduziu seu ritmo: a Anfavea verificou a montagem de 25,2% menos caminhões em 2014 na comparação com 2013, passando de 187 mil para 139,9 mil. As linhas também entregaram 18% menos ônibus no ano passado com relação ao período anterior, 32,9 mil contra 40,1 mil.
FONTE: Automotive Business