As empresas que atuam com transportes de cargas excepcionais em Minas Gerais fecharam 2014 com retração de 5% no faturamento frente ao ano anterior. O resultado frustrou as expectativas iniciais de crescimento da ordem de 14%, pautado na empolgação com possíveis obras pré-Copa do Mundo. Porém, as intervenções não aconteceram na proporção esperada no Estado.
No Brasil, a queda foi ainda maior. Enquanto era projetada alta de 20% no faturamento nacional do setor, o efetivado foi retração de 10%. O consultor especial do Sindicato Nacional das Empresas de Transporte e Movimentação de Cargas Pesadas e Excepcionais (Sindipesa), José Aparecido Bastazini, explica que o resultado mineiro foi menos pior do que o nacional por causa da base de comparação. Em 2013, estavam em curso série de obras para alavancar o parque eólico do país, aportes que não ocorreram em Minas Gerais. Como não tiveram os mesmos investimentos em 2014, o número global do país teve uma retração maior.
Em Minas, os maiores impactos negativos vieram dos setores de mineração e siderurgia, os dois principais demandantes de transporte especial no Estado. As cerca de 3,5 mil empresas especializadas em transporte de cargas excepcionais que atuam no Estado sentiram também o reflexo da menor demanda internacional pelos produtos brasileiros.
Concorrência
Como se não bastasse a menor demanda, o segmento ainda tenta combater a concorrência estrangeira. Com o mundo em desaceleração, muitos empresários de outros países têm apostado as fichas em países em desenvolvimento, incluindo o Brasil. O problema é que o regime tributário em que são expostos não é equivalente ao que pesa sobre as empresas nacionais.
Já os equipamentos vistos como temporários por serem trazidos por entrantes estrangeiros para realizar um único trabalho recolhem apenas 1% da carga a cada mês. Isso permite que os valores cobrados pelos estrangeiros sejam mais baixos internamente.
E a situação poderá se agravar ainda mais neste ano. O governo está prestes a mudar as regras da modalidade temporária. Se hoje os empresários estrangeiros podem ficar até seis meses no país, o governo quer ampliar para cem meses. "Marcamos uma reunião com representantes do Ministério da Fazenda e Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior para
pedirmos que essas mudanças não entrem em vigor da forma como foi colocado em consulta pública", afirma.
O fato é que para este ano as projeções também não são positivas para o setor. Em Minas Gerais, o faturamento deverá fechar com queda de 15%. Essa seria a terceira retração consecutiva do faturamento de transportes de cargas especiais. Em 2013, caiu 26% no Estado.
Caso não haja melhora nesse cenário, o mercado de trabalho será afetado neste exercício. Há uma expectativa de corte próximo aos 15% nos 6 mil empregos gerados em Minas Gerais.
FONTE: Diário do Comércio