Facchini

Transportadores adotam “balizador de fretes” para safra 2015

Do terminal de cargas de Rondonópolis a Lucas do Rio Verde, um percurso de 605 quilômetros, o frete mínimo por tonelada na próxima safra deve ser de R$ 90,00. Esta é uma das referências do Balizador de Custos de Fretes, criado por entidades de transporte do Mato Grosso, onde constam as principais rotas rodoviárias de escoamento da safra agrícola, bem como, os valores de tarifas mínimas de fretes por tonelada a serem praticadas durante todo o ano de 2015. Segundo as entidades signatárias ATC (Associação dos Transportadores de Cargas do Mato Grosso), Sindmat, Sindicam e Fettremat, a medida visa evitar que em 2015 haja uma quebradeira generalizada no setor de transportes.
“O objetivo deste Balizador é dar um referencial para o dono do caminhão seja ela empresário ou autônomo, na hora em que for negociar os seus fretes. Esta ação que envolve entidades e transportadores de cargas, não se trata de um Cartel formado para instituir um tabelamento de fretes agrícolas, como já fomos acusados por algumas tradings, mas sim, uma atitude emergencial de sobrevivência de um setor importante da economia, que já não estava mais suportando atuar com tarifas de fretes que não cobriam nem ao menos os custos de manutenção dos caminhões”, argumenta Miguel Mendes, presidente da ATC.
Ainda segundo a ATC, no ano passado, grande parte dos transportadores envolvidos com o agronegócio projetaram uma nova safra recorde e acabaram aproveitando a baixa taxa de juros disponibilizada pelo BNDES que chegou a 2,5% ao ano, para renovarem ou aumentarem as suas frotas. Acreditando que 2014 seria um bom exercício. “Por causa do aumento da produtividade, empresas não pouparam esforços para ampliar ou renovar seu patrimônio. Mas, infelizmente, as previsões não se confirmaram e os empresários e caminhoneiros autônomos acabaram amargando um enorme prejuízo até o momento, sendo alguns obrigados a desfazer de seus caminhões e saírem do setor”, avalia Mendes.
Por conta da alta atratividade despertada pelo setor no ano passado, muitas empresas de outros setores e até profissionais liberais se interessaram e acabaram ingressando no transporte rodoviário de cargas. “Isto acabou gerando uma grande oferta de caminhões este ano e contribuindo assim para a drástica redução da tarifa de fretes. Muito caminhão disponível, frete baixo, é essa a regra do setor”, ressalta o executivo. Mendes relata ainda que uma série de outros fatores também foram determinantes para o insucesso da manobra de investimento tão expressiva por parte das transportadoras.
“No primeiro semestre tivemos que conviver com um excesso de chuvas fora do normal na época da colheita da soja, isto fez com que os armazéns não ficassem lotados e exigissem a presença de um número maior de caminhões nas lavouras. Quando isto acontecia em safras anteriores, havia uma elevação considerável nas tarifas de frete. Aliado a isso, a nossa produtividade ainda foi reduzida em torno de 40% por causa do cumprimento da Lei dos Caminhoneiros que diminuiu a jornada de trabalho destes profissionais e também por causa das restrições de tráfego de caminhões impostas pela PRF nos feriados prolongados deste ano, durante o Carnaval, Semana Santa e Copa do Mundo”.
“A partir do segundo semestre houve uma queda muito brusca nas tarifas de frete, motivada pelo atraso na comercialização da safra de milho. Este atraso acabou reduzindo a demanda por transporte, ocasionando queda de produtividade e de faturamento das transportadoras”, acrescentou.
Prevendo uma piora ainda maior da situação, as empresas se uniram com entidades do setor, dentre elas a ATC, para solicitar junto ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) uma maneira de amenizar o problema. No mês de setembro, o banco acatou a proposta dos transportadores de renegociar o saldo devedor de seus contratos em até 60 meses de prazo para pagamento, com até 12 meses de carência.
“Acontece que os bancos intermediários não acataram os pedidos de renegociação das transportadoras, e isso acabou gerando um problema sério de inadimplência no setor, contribuindo para que muitas empresas de transporte viessem a pedir recuperação judicial”, concluiu.
FONTE: Expresso MT 
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