A alta nos preços dos combustíveis e os gastos com manutenção de veículos estão deixando caminhoneiros autônomos insatisfeitos. No Ceará, autônomos fizeram uma paralisação no início do mês e agora negociam um reajuste no frete que pode chegar a 15%. Empresários alegam que valores mais altos pagos por insumos serão repassados ao consumidor.
Em estados como Mato Grosso, Paraná e Rondônia há paralisações nas estradas para pedir o aumento do frete de R$ 3,80 para R$ 4,60 por quilômetro rodado. No Ceará, o valor do quilômetro rodado é de R$ 1,2 a R$ 1,4 e pode chegar a uma média de R$ 1,6. Um valor considerado justo e que supriria a demanda dos autônomos no Ceará seria R$ 3, de acordo com José Tavares, presidente do Sindicato dos Caminhoneiros (Sindicam).
Faltam estatísticas recentes, mas estima-se que atualmente o transporte rodoviário responda por 65% do total de cargas transportadas no país.
Elevar o valor do insumo impacta negativamente sobre os custos e terá de haver um repasse para o consumidor, segundo coordenador do núcleo de economia e estratégia da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Fernando Castelo Branco.
“O custo final do produto vai ter uma dupla incidência. Quando compra e quando está enviando os produtos acabados”, explicou. O valor do frete impacta sobre o valor final dos produtos, mas essa influência varia de acordo com produto e distância.
Negociação
O valor do frete para os autônomos é negociado diretamente com as empresas que contratam o serviço. De acordo com o presidente da Associação dos Caminhoneiros de Tabuleiro do Norte (Acatan), Rubismar Xavier, uma das empresas em negociação no Ceará é a fabricante de calçados Grendene, em Sobral.
Os autônomos paralisaram no começo do mês e agora negociam um reajuste de 12% a 15%. Rubismar ressaltou que, de imediato, a empresa elevou em 5% o valor do frete e ficou de dar uma posição até o final deste mês. Se os trabalhadores forem atendidos, o valor do frete de Sobral a São Paulo deve passar de R$ 4.348 para R$ 5.028. A distância entre as duas cidades é em média 3.030 km. A Grendene, por meio de sua assessoria de imprensa, disse que não se manifestaria sobre a negociação.
Outra demanda é regularizar o “frete retorno”. O valor médio pago aos autônomos por uma viagem de São Paulo para Fortaleza trazendo insumos comprados pelas empresas cearenses pode chegar a R$ 8 mil. No entanto, ao adquirir produtos cearenses no Sudeste, as empresas querem pagar R$ 4,3 mil. As empresas também evitam pagar os dias parados para carga e descarga.
FONTE: O Povo Online