Facchini

Caminhoneiros vão a Brasília em busca de apoio político

O movimento dos caminhoneiros que tem paralisado as estradas do país se mobiliza em busca de respaldo político para ser atendido pelo governo. Um dos líderes do grupo, Ivar Luiz Schmidt, vai se encontrar na tarde desta terça-feira com a bancada ruralista, que está preocupada com a greve, e tenta agendar um encontro com o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por intermédio do deputado Jerônimo Goergen (PP-RS).
O grupo reclama do aumento do diesel para ajustar as contas do governo e pede que seja implementado um preço mínimo por quilômetro rodado para o frete no país. “Hoje,70% do faturamento vai para custear o óleo diesel. Os custos aumentaram muito nos últimos dez anos, mas o preço do frete ficou congelado”, disse Schmidt, relatando que o movimento foi formado pela rede social Facebook por caminhoneiros insatisfeitos com o aumento de custos.
Segundo Goergen, o grupo procura respaldo político para ser atendido pelo governo. “Estão em greve faz seis dias e o governo ainda não abriu diálogo com eles. No máximo ameaça com retaliação”, afirmou.


Cooperativas do Paraná
No Paraná, representantes das cooperativas reclamam que o bloqueio nas rodovias brasileiras tem afetado o transporte de matérais-primas e gêneros alimentícios. 
No oeste do Paraná, cooperativas relatam perdas em decorrência dos bloqueios e riscos de paralisação em indústrias lácteas e abatedouros por dificuldade de escoamento da produção dos cooperados até as plantas industriais. Ontem, a Aurora e a BRF já anunciaram paralisação de atividades em alguns frigoríficos.
Neste contexto, dirigentes da Ocepar, que representa as cooperativas, e de entidades como Fecomércio e Associação Comercial do Paraná (ACP), se reuniram com o superintendente regional da Polícia Rodoviária Federal, Gilson Luiz Cortiano, para pedir ações mais efetivas no desbloqueio das rodovias. 
“Os representantes do setor produtivo enfatizaram a necessidade de ampliar o diálogo com os caminhoneiros, visando a liberação dos trechos bloqueados pelos manifestantes”, diz informe das entidades auto-denominadas G7. No entanto, nenhuma ação foi definida. 
Os protestos começaram na semana passada e se espalharam em 38 pontos do país, com os caminhoneiros solicitando reajustes nos valores de frete para compensar o aumento do diesel, redução de ICMS sobre o combustível entre outros pleitos estuduais e federais. 

Leite no Rio Grande do Sul
Os bloqueios promovidos pelos caminhoneiros já impediram, desde ontem, segunda-feira, a entrega de 5 milhões de litros de leite cru no Rio Grande do Sul para as indústrias. O volume equivale a quase 40% da captação diária no Estado, que chega a 13 milhões de litros.
A estimativa é do Sindicato da Indústria de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat-RS). Segundo o diretor-executivo Darlan Palharini, a entidade entrou nesta terça-feira com ações na Justiça federal e na estadual pedindo o desbloqueio das estradas em caráter liminar, mas ele admite que mesmo que a iniciativa seja bem-sucedida, os caminhoneiros que não fazem parte das manifestações estão “inseguros” em sair para as rodovias.
Conforme Palharini, se o leite não for recolhido nas propriedades dos produtores ou nos postos de resfriamento em até 48 horas, terá de ser descartado. Até agora, o volume que deixou de chegar às indústrias equivale a um prejuízo de cerca de R$ 3,75 milhões para os produtores. 
NOTÍCIA ANTERIOR PRÓXIMA NOTÍCIA