Facchini

Fila de caminhões chega a 5 km e vai até a cidade de Pacajus, no Ceará

A  fila de caminhões na BR-116 atingiu 5 km de extensão na manhã desta quarta-feira (25) em Fortaleza. Do quilômetro 12 até o 15, o G1 contou mais de 1.300 caminhões parados.  Os caminhoneiros autônomos que aderiram ao movimento nacional pela redução do preço do combustível seguem fazendo bloqueios nos dois sentidos da rodovia. Segundo eles, os bloqueios já chegam aos municípios de Eusébio, Horizonte e Pacajus.
O caminhoneiro Adilson da Rocha, 52 anos, estava estacionado debaixo da Avenida Quarto Anel Viário, no Bairro Pedras, em Fortaleza, desde 16h de terça-feira (24). Segundo ele, a carga de cerâmica já havia sido descarregada, mas mesmo assim, ele diz que terá prejuízos.
"O prejuízo já começou desde que eu parei aqui. A sorte é que a cerâmica que veio de Tambaú em São Paulo já foi entregue. A cada dia parados, nós perdemos dinheiro, mas acho a paralisação uma forma correta de protestar, pois não podemos trabalhar com os preços do diesel dessa forma. Os preços estão altos e é preciso o governo tomar uma providência”, afirmou.
Já o caminhoneiro Valmir Rodrigues, 48, saiu de Goiás com carga de feijão para ser entregue no Porto do Mucuripe. De acordo com o motorista, com o aumento do combustível, os lucros da categoria diminuíram consideravelmente. Ele disse que colocou 600 litros de diesel quando deixou Goiás e pagou R$ 2 mil. Já na capital cearense quase não dinheiro para comer.
“Os gastos são tremendos e quando chegamos no nosso destino quase não temos mais dinheiro. Nem para comer. Os patrões querem que entreguemos a carga no dia e tempo certo e não querem pagar por isso. E outra. Os gastos são todos de responsabilidade nossa”, disse.

Almoço em rodovia
Além de exigirem a redução do preço do combustível, os caminhoneiros reivindicam ainda o aumento do frete e valores recebidos conforme a carga e a distância da viagem feita por eles. É o que explica o caminhoneiro baiano Claudimar Rosa que entregou nesta terça-feira uma carga de coco de Barreiras (BA) para Paraipaba, a 94 Km de Fortaleza.
“Tive sorte como muitos de já ter conseguido entregar a carga. No entanto, estou parado aqui e já era para estar hoje à noite (quarta-feira) em Barreiras. Pegar outra carga e voltar para cá. Faço várias viagens para poder aumentar o lucro. O valor do frete que recebemos conforme a carga e a distância da viagem é baixa, diminuiu, devido o valor do combustível. Vivemos hoje com apenas 20% do frete”, disse. Ainda segundo Claudimar Rosa a cada dois dias parados ele perde algo em torno de R$ 3 mil.
"Estou perdendo algo em torno de R$ 3 mil. Tomara que essa paralisação dê algum retorno. Agora o jeito é aproveitar a paralisação e fazer o próprio almoço, pois não dá mais para parar em restaurante para comer. Hoje vou fazer carne de porco no bafo, feijão com toucinho, arroz e macarrão. Para beber, claro, água de coco", falou sorrindo.
Paralisação
O protesto dos caminhoneiros na BR-116, em Fortaleza, iniciou na tarde desta terça-feira (24), quando cerca de 60 motoristas ocuparam os acostamentos da rodovia, a partir do km 15, deixando apenas uma faixa de cada lado para o trânsito de veículos pequenos, de emergência e com carga viva.
Por volta das 20h, os manifestantes já era mais de 400 e afirmaram que pretendiam permanecer no local durante toda a noite e só sair após uma sinalização do Governo Federal quanto ao atendimento das reivindicações. De acordo com a PRF-CE, no fim da tarde, o bloqueio chegou a causar um engarrafamento de mais de cinco quilômetros no sentido interior-capital.
O trecho bloqueado é um dos principais acessos à capital cearense e com intensa movimentação de cargas, já que a rodovia liga o Ceará ao Rio Grande do Sul. A PRF pede que motoristas de veículos de pequeno porte evitem a área e trafeguem pela rodovia estadual CE-060.

Sindicato alerta para desabastecimento
O presidente do sindicato dos caminhoneiros com vínculo empregatício no Ceará, José Tavares Filho, afirma que a entidade é solidária às reivindicações do movimento, mas não participa dos protesto prmovido pelos autônomos. "Reconhecemos o direito, que é legítimo, os insumos são caros, o frete é baixo e é necessário ter um reajuste do frete deles", diz.
Tavares alerta para o risco de desabastecimento de hortifrutigrangeiros, vindos dos estados de Minas Gerais, São Paulo e Paraná, e de milho e soja, com origem no Centro-Sul, regiões onde o movimento está forte.
Segundo o Sindicato dos Caminhoneiros Autonômos no Ceará,  a manifestação é espontânea e não foi organizada pela entidade. "Sabemos que a reinvidicação é justa, mas não é o momento para o protesto", afirmou Clóvis Fava Filho, presidente do sindicato. De acordo com Fava, a orientação da entidade é aguardar o resultado das reuniões do Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), com o Governo Federal, em Brasília.
FONTE: G1 
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