O Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse nesta quinta-feira (26) que, após inquérito para investigar se a paralisação de caminhoneiros que segue concentrada na região Sul do País é lícita ou não, os líderes serão "responsabilizados rigorosamente".
Cardozo disse ainda que os caminhões que tiverem suas placas anotadas em situação irregular nas estradas receberão uma multa que pode ir de R$ 5 mil a R$ 10 mil.
Na tarde desta quinta (26), os líderes do movimento que bloqueia as estradas do Sul desde a semana passada anunciaram que não dariam aval ao acordo anunciado pelo governo federal na noite desta quarta (25) e disseram que as promessas da equipe de Dilma Rousseff não resolvem os problemas da categoria. A paralisação, segundo a categoria, será mantida.
Nesse sentido, em entrevistas a jornalistas, o ministro afirmou que tentou conversar com as lideranças do movimento, porém, muitos não quiseram diálogo. O grupo, segundo ele, é formado, principalmente por donos de frotas e embarcadores.
Sobre o preço do diesel, que é um dos principais pontos na reclamação dos caminhoneiros, Cardozo reafirmou que não há intenção de deixar o combustível mais barato.
ACORDO
Após negociações que se estenderam por mais de dez horas, o governo e representantes de caminhoneiros anunciaram no fim desta quarta-feira (25) terem chegado a um acordo para tentar por fim ao bloqueio das estradas.
Para atender às demanda do movimento, o governo ofereceu um pacote de medidas, que incluiu a renegociação de dívidas do setor, e informou ter recebido da Petrobras a garantia de que os preços do diesel não subirão pelos próximos seis meses.
"Só vai ser cumprido o que nós combinamos a hora que forem liberadas as estradas", afirmou o ministro Antônio Carlos Rodrigues (Transportes) ao final das negociações, acrescentando que a expectativa era que o desbloqueio ocorresse nesta quinta-feira (26).
O presidente da CNTA (Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos), Diumar Bueno, que participou das negociações, afirmou que as entidades presentes à reunião eram favoráveis ao fim do movimento, mas que ele não poderia "garantir que a greve vai acabar". Os protestos já vinham causando desabastecimento de alimentos em algumas cidades do país e encarecendo produtos.
"O movimento foi levantado de forma autônoma, independente pelos caminhoneiros. Cabe a eles avaliar as conquistas e o esforço do governo para ver se compensa continuar o movimento".
As medidas oferecidas pelo governo, sob a chancela da presidente Dilma Rousseff, incluíram o compromisso de sanção integral da chamada Lei dos Caminhoneiros, que na prática reduz o valor do pedágio que pode ser cobrado dos caminhões e aumenta o número de horas extras que podem ser feitas pela categoria.
A segunda medida é a suspensão, por um ano, dos pagamentos de empréstimos feitos pelo BNDES para a aquisição de caminhões.
O governo anunciou, ainda, a criação, por empresas e caminhoneiros, de uma tabela referencial de fretes, o que pode levar a preços mínimos para o serviço. A quarta proposta é o estabelecimento de uma mesa permanente de negociações entre motoristas e empresas.
Coube ao ministro Miguel Rossetto (Secretaria-Geral da Presidência) coordenar as discussões com caminhoneiros e empresários.
Participaram da reunião a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos; o Sindicato Goiânia e Região; o Sinditac RM; Sinditac Goiás; Sinditac Ponta Grossa PR; Sindicato Nacional dos Cegonheiros; Cnttl-Cut; Sinditac SJP-PR; Sinditac SJC e Sinditaque-SP.
Dada a dimensão que tomou o movimento dos caminhoneiros, e com a economia sob risco de recessão, o governo considerou que não teve outro remédio senão agir para resolver o impasse.
Com a taxa de popularidade da presidente em recorde de baixa, assessores presidenciais alertaram para o fato de que, se o movimento não fosse contido, Dilma seria responsabilizada.
FONTE: O Tempo