O mercado de usados é um segmento difícil e com particularidades próprias. Mas, será que as grandes transportadoras enfrentam as mesmas dificuldades do setor na hora de se desfazer da sua frota de usados? Fomos conhecer como a Coopercarga, um dos maiores frotistas do país, lida com a questão.
Paulo Simioni, vice-presidente da empresa, nos conta que até agosto de 2014 os cooperados já realizavam vendas diretas, mas a partir desse mês o projeto, que já tinha um escopo dentro da empresa, foi posto em prática. Como anteriormente a venda era somente entre cooperados, a empresa não tem um número médio anual de veículos vendidos, porém, hoje a empresa conta com 47 caminhões no pátio, disponíveis para a venda. Paulo frisa que hoje esse tipo de operação (compra e venda) é realizado apenas via Coopercarga.
A cooperativa não é a primeira a criar uma divisão de vendas de seminovos. A JSL (Júlio Simões Logística) também criou uma empresa para venda de seus veículos usados.
Assim como na JSL, a idade média da frota da Coopercaga é de quatro anos, e a quilometragem alcança entre 350 mil e 400 mil km. O número varia de acordo com a operação de cada modelo. Os veículos disponíveis para a venda ficam armazenados em um pátio no posto da empresa, que está localizado em Concórdia, SC, na BR-153. Como exemplo, no site da empresa, achamos um Scania R 400 4x2, ano 2004, ofertado por R$ 125 000. O site é um pouco pobre de informações, uma única foto, o preço e o contato.
Sentimos falta da informação da quilometragem nas páginas dos veículos e mais detalhes das características do caminhão.
Questionado sobre os modelos mais vendidos, Paulo afirma que os mais fáceis de vender são os do segmento de distribuição urbana e os rodoviários. No que se refere a implemento, as plataformas sider e contêiner são as mais procuradas, mas ainda em um número menor, devido a sua maior durabilidade, de três ou quatro anos. O preço dos modelos é baseado na tabela Fipe, mas cada caso pode variar.
Hoje o perfil de clientes da empresa são profissionais autônomos e funcionários, que querem ter o seu próprio caminhão. “Quem vende é o cooperado, porém, os clientes vêm de todo o Brasil”, ressalta Paulo Simioni.
A dificuldade de se vender um usado é a mesma para todas as empresas: o crédito para que o cliente possa fazer a aquisição.
“A grande dificuldade para a venda de seminovos é justamente a linha de crédito. Mesmo existindo o Pró-Caminhoneiro do BNDES, os bancos acabam não divulgando tanto esse tipo de programa, já que não fazem questão de vender esse produto porque estariam vendendo caminhão já usado, e o risco de inadimplência é um pouco maior. Então, existe a linha de crédito, como CDC e Leasing, mas as taxas altas acabam inviabilizando a compra”, afirma Paulo.
Para contornar a situação, a empresa oferece o serviço ao cliente, ou seja, quem compra o caminhão pode se tornar um cooperado e ter o trabalho garantido conosco. De toda forma, com as vendas de novos e usados em um momento delicado no país, a empresa vê no projeto uma importante ferramenta, que tem potencial para alimentar o segmento de usados e, claro, contribuir para a geração de receita na aquisição de novos.
FONTE: Transporte Online