O protesto de caminhoneiros iniciado há sete dias, e que se intensificou no final de semana, já tem reflexos na economia do Estado. Municípios no Oeste e Sudoeste já sentem falta de combustíveis e a entrega de hortifrutigranjeiros nos mercados também sofreram atrasos. Ontem, o frigorífico BRF anunciou que vai adiar o abate de animais em duas unidades do Sudoeste do Paraná enquanto persistirem os bloqueios nas estradas. Ontem, o Paraná chegou a ter 22 pontos de bloqueios de caminhoneiros em rodovias estaduais e federais.
"Não adianta abater os animais se não conseguimos os caminhões para o transporte", afirmou o vice-presidente de Relações Institucionais e Jurídico da BRF, José Roberto Rodrigues. O executivo viajou ontem a Brasília, onde deve se encontrar com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e o ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, para discutir a questão.
A BRF afirmou que seu principal problema de logística ocorre no Paraná. A empresa enfrenta, ainda, problemas em Mato Grosso, onde seus fornecedores de ração também têm dificuldades de logística.
Ceasa — Se os bloqueios nas rodovias se prolongarem, o desabastecimento de mercados com hortifrutigranjeiros podem ficar prejudicado em breve. Ontem, já houve dificuldades em pontos isolados do Estado. Em Foz do Iguaçu, o bloqueio provocou um grande atraso no recebimento de cargas no período da manhã. A situação só se normalizou durante a tarde.
Em Curitiba, também houve bloqueio em frente à Ceasa, mas sem provocar maiores transtornos, já que a paralisação durou pouco tempo e afetou mais a saída de produtos. Contudo, se a situação no interior continuar, pode haver falta de alguns produtos que vêm de regiões produtoras do interior para a Capital.
Combustível
Como um dos alvos dos manifestantes são os caminhões de combustíveis, cidades do Oeste e Sudoeste já acusavam falta durante o fim de semana. Francisco Beltrão, Foz do Iguaçu, Dois Vizinhos, por exemplo, já tinham pouco estoque ontem, e em Pato Branco, com a falta do produto, a gasolina chegou a ser vendida a R$ 5.
O presidente da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Edson Campagnolo, fez um apelo, ontem, pelo fim dos bloqueios ao transporte de cargas em rodovias do Paraná e de outros estados. O protesto dos caminhoneiros, iniciado na última quarta-feira, vem prejudicando indústrias paranaenses, inclusive de setores que produzem alimentos perecíveis — que deveriam estar livres dos bloqueios.
“O setor produtivo brasileiro já atravessa um momento extremamente delicado, que vem se agravando a cada aumento de impostos e de tarifas públicas, como os ocorridos recentemente”, diz o presidente da Fiep. “Os bloqueios nas rodovias comprometem a entrega de matérias primas para as indústrias e o transporte de produtos finais até seus clientes. Esses atrasos representam um enorme prejuízo para as empresas”, acrescenta.
Nas BRs, as interdições ocorrem em trechos da BR-277, em Medianeira e Guarapuava; na BR-163, em Pérola D’Oeste e em Santo Antônio do Sudoeste. Houve também bloqueio na BR-376, em Apucarana, e na BR-369, em Arapongas, no Norte
Nas rodovias estaduais foram 13 interdições: na PR-471, em Nova Prata do Iguaçu; PRC-280, em Marmeleiro; PRC-280, em Mariópolis; PR 483, em Francisco Beltrão; PRC-280, em Clevelândia; PR 566, em Itapejara do Oeste; PR 493, também em Itapejara do Oeste
Também apresentaram bloqueios a PR-182, em Realeza; PRC-487, em Manoel Ribas; e PRC-158, em Mariópolis
FONTE: Bem Paraná