As manifestações dos caminhoneiros avolumam-se. Em onze Estados, rodovias são bloqueadas pelos transportadores que deixam passar ônibus e automóveis mas impedem caminhões, em protesto contra as altas do diesel, pedágio e outros custos, e ao baixo preço dos fretes. Os pontos mais críticos estão em Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul. Não há como não se preocupar com as interdições ao redor do porto de Santos (SP).
A falta de transporte levou empresas catarinenses a paralisarem suas produções. No Paraná, por conta da escassez, há gasolina sendo vendida a R$ 5 o litro. Noticia-se, também, ladrões promovendo arrastões nas estradas.
Não há como ignorar que, com o sucateamento do trem e a especificidade de outros modais de transporte — hidrovia e cabotagem — o Brasil depende do caminhão para movimentar safras e manufaturados, levar insumos ao comércio e indústria e alimento à população. Caminhoneiros sabem disso. Quando querem, param o país. O governo tem que agir para evitar colapso. Não basta recorrer à Justiça e obter desbloqueio de estradas pela força. Da mesma forma, não se deve usar a polícia para liberar estradas. É problema econômico e político. A solução tem de ser política, jamais policial. O uso da força, ao invés de resolver pode ampliar o impasse. Ânimo exaltado pode gerar confronto com consequências imprevisíveis.
O estratégico transporte rodoviário reclama do desequilíbrio entre seus custos e sua renda. Autoridades adiantam ser difícil baixar o preço do diesel. E não pode haver um simplista aumento do preço do frete. Isso levaria à explosão das metas inflacionárias. A atividade econômica e insumos transportados por caminhão elevarão preços, se tiverem de pagar mais pelo frete. As partes têm de dialogar e buscar o ponto de equilíbrio, com sinceridade, sensibilidade e zelo.
FONTE: GCN