Funcionários da empresa responsável pelo transporte do transformador que tombou de um comboio na BR-381, em Itatiaiuçu, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e policiais rodoviários federais ainda trabalham, nesta sexta-feira, para tentar liberar a rodovia, com problemas desde as 11h30 de quinta. Nesta manhã, segundo a PRF, a pista está parcialmente interditada no sentido São Paulo. O trânsito é lento no local e, por volta das 7h10, havia meio quilômetro de congestionamento.
Segundo a Autopista Fernão Dias, concessionária que administra a rodovia, as equipes passaram a madrugada no local na tentativa de levantar a peça e colocá-la sobre a carreta novamente. Ainda segundo a Autopista, não há previsão para a liberação da rodovia. Por sua vez, a PRF estima que os trabalhos devem ser concluídos ainda nesta manhã. “A gente acredita que daqui a umas duas horas (por volta das 10h) conseguimos tirar ela de lá. É um trabalho feito com bastante cuidado. Está 80% nivelada”, explica o chefe da Delegacia da Polícia Rodoviária Federal em Oliveira, Marcos Túlio França, responsável pelo trecho. A carreta deve ser levada para uma praça de pedágio na rodovia, que fica a quatro quilômetros do local onde ela se encontra.
Apesar das previsões da PRF, a Autopista Fernão Dias não pretende liberar o veículo enquanto não houver a certeza de que ele poderá seguir viagem sem mais transtornos. A decisão leva em conta o histórico de incidentes envolvendo a carga desde o dia 21 de março. A concessionária também informou que, caso a Autorização Especial de Trânsito (AET) não seja cassada, a carreta só deve voltar à estrada na próxima quinta-feira, depois do feriado. Também existe a possibilidade de ela voltar para Betim se a carga tiver sido danificada.
A primeira tentativa de retirada do transformador caído na rodovia foi feita às 20h dessa quinta-feira e fracassou. Não há previsão para desinterdição da estrada e, caso não seja feita, a saída para o feriado de Tiradentes hoje deverá ser de transtornos para motoristas e passageiros. “Serão formadas filas enormes de carros. Eles precisam trabalhar durante toda a madrugada para tirar esse comboio daqui”, afirmou o agente da PRF, José Henrique.
Na manhã de ontem, o comboio saiu do km 535 e seguiria até o km 565 no sentido Belo Horizonte/São Paulo. Quando passava pelo km 542, a carga tombou em uma curva e interditou totalmente a rodovia. O conjunto tem 96 metros de comprimento e pesa, ao todo, 540 toneladas. Somente o transformador, que foi fabricado há um ano e será levado para a Argentina, tem 240 toneladas.
As causas do acidente ainda estão sendo apuradas. De acordo com um funcionário da empresa responsável pela carga, que não quis se identificar, a inclinação da curva pode ter causado o tombamento. Algumas mangueiras hidráulicas do trator que fazia o transporte estouraram. O trabalho para liberar a pista se estenderia por toda a madrugada de hoje. Por volta das 16h30, um guincho da empresa Bolbi, com capacidade para içar 220 toneladas, chegou ao local onde está o transformador, mas não pôde ser usado para levantar o equipamento, pois não estava com o contrapeso para se manter no chão.
Aproximadamente 40 minutos depois, um caminhão chegou com os equipamentos necessários. Sem eles, ao tentar a operação, o guincho poderia ser levantado pela carga. Mesmo assim, o guincho não foi usado, porque não tinha capacidade para levantar o transformador. Os técnicos da empresa puseram escoras de ferro e madeira embaixo da estrutura que sustenta o equipamento. A ação é para tentar nivelar a peça para que o comboio possa seguir até a praça de pedágio.
Enquanto a pista não é liberada, os motoristas passam por um desvio feito pela Autopista Fernão Dias, concessionária que administra a rodovia. Os veículos leves passam por uma das faixas à esquerda do transformador. Já os veículos pesados foram desviados por uma pista marginal. O congestionamento na noite de ontem passou de seis quilômetros. O caminhoneiro Rogério Moreira Coelho, que dirigia uma carreta bitrem com destino a São Paulo, afirmou que demorou 50 minutos para percorrer um trecho de quatro quilômetros.
Há uma rota alternativa para os condutores, conforme a Autopista Fernão Dias. No km 529,8, na região de Brumadinho, seguir sentido a Rio Manso pela MG-040, passando pela cidade de Crucilândia. Em seguida, seguir até Itaguara e acessara BR-381 no km 565.
Para quem segue no sentido Belo Horizonte, há lentidão entre os kms 561 ao 557, em Itaguara, devido a obras no km 559. Os veículos seguem por uma faixa.
PROBLEMAS Na quarta-feira, o comboio tentou sair de um posto de gasolina, no km 535, em Itatiaiuçu, mas as ferragens enroscaram na fiação elétrica, o que impediu a saída. O veículo ocupava parte da via marginal, sem causar impactos à pista principal. Em 22 de março, um dos puxadores do comboio teve uma pane e interditou a rodovia por 31 horas, e desde então estava encostado.
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) enviará hoje ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) um boletim de ocorrência com relato dos prejuízos e dos transtornos na Fernão Dias causados pelo transporte do transformador. A intenção é interditar o comboio e cassar a Autorização Especial de Trânsito (AET), concedida pelo Dnit, por causa dos problemas que o veículo de carga já causou.
Independentemente disso, a carreta não poderá seguir viagem durante o feriado. “Vamos encaminhar ao órgão competente para tomar providência quanto à continuidade ou não do serviço. Enquanto não for dada uma garantia segura, não vamos fazer mais esta escolta”, relatou Marco Túlio França, chefe da delegacia da PRF, responsável pelo trecho de Itatiaiuçu. A licença para o transporte de carga excedente é concedida pelo Dnit após inspeção da carga. Os policiais rodoviários apenas fazem a escolta e a sinalização. “Nossa responsabilidade é oferecer segurança durante o transporte. Vamos informar os problemas que já ocorreram e que podem ocorrer caso esse veículo continue rodando. Os riscos são muito grandes. Caso o órgão ache necessário, poderá cassar a licença”, afirma França.
O Dnit em Minas Gerais informou que a licença foi concedida pelo setor de operações rodoviárias de Brasília, onde ninguém foi encontrado para falar sobre o caso.
FONTE: Estado de Minas