Após oito dias de paralisação há cerca de um mês, os caminhoneiros autônomos que transportam contêineres vazios em Navegantes voltaram a cruzar os braços nesta semana. O motivo, conforme a categoria, foi a proposta feita pelas transportadoras de acabar com o benefício de alimentação ou permanecer custeando as refeições da categoria com a condição de chamar os autônomos de acordo com a demanda de fretes, por meio de uma lista única. Os 78 autônomos que compõem a categoria são contra as duas propostas.
- A categoria não aceita que eles retirem o benefício e queremos manter o sistema como é hoje em que todos trabalham. Para os autônomos esse sistema de placa limitada não funciona, porque existem privilégios e muitas injustiças - afirma o transportador autônomo e representante da categoria, Jolar Oliveira.
Jolar informa que na última reunião com os empresários, na manhã desta quinta-feira, a categoria se comprometeu a ajudar a combater o desperdício nas alimentações. Até então, os caminhoneiros faziam as refeições em estabelecimentos conveniados com as transportadoras. Mas não houve acordo.
Na tarde desta quinta, os caminhoneiros voltaram a se reunir na rotatória da Via Portuária em Navegantes.
- Estamos abordando os caminhoneiros, comunicando a situação e pedindo o apoio deles. Estamos pedindo aos nossos colegas (que transportam os contêineres cheios) que nos ajudem e não descarreguem na Portonave - informa Jolar.
A Portonave informa que comunicou à Polícia Militar sobre a presença deles na rotatória, já que há informação de que os autônomos estariam impedindo a entrada de caminhões no terminal portuário. A Portonave conseguiu liminar na Justiça no início de março que impede os caminhoneiros de ocuparem os acessos ao terminal e de impedir que os caminhões entrem para carregar ou descarregar.
Durante a paralisação nacional dos caminhoneiros, os autônomos de Navegantes e Itajaí também cruzaram os braços no fim de fevereiro para reivindicar aumento no frete. Na ocasião, ficou acordado um reajuste de 18,26% a partir de 1º de abril no frete para os caminhoneiros que transportam contêineres vazios em Navegantes.
Contraponto
O dono de transportadora Lee Vieira esclarece que foram feitas duas propostas aos caminhoneiros autônomos: As empresas passariam a chamar os autônomos por meio de uma lista única, de acordo com a demanda, e permaneceriam custeando as refeições. Ou o sistema permanece como é hoje, em que os caminhoneiros vão até a Portonave atrás dos fretes, e seria acrescentado R$ 1 ao valor do frete _ os caminhoneiros fazem mais de uma viagem por dia _ para que eles paguem pela alimentação.
— Até nos propomos a negociar com um estabelecimento, para que eles frequentem o mesmo local, e possam pagar o valor que nós pagamos — disse Lee.
O proprietário explica que da forma como está hoje, as empresas custeiam refeições de um número de caminhoneiros superior a demanda de fretes que elas têm.
— Hoje chegamos a pagar 30 ou 40 refeições a mais por dia. Chega no fim do mês, esse excedente pesa no nosso orçamento — argumenta.
FONTE: O Sol Diário
