RER Parts

Iveco tem US$ 80 milhões para nacionalização

“Importar ficou caro, está doendo.” Assim Osias Galantine, diretor de compras da CNH Industrial América Latina, justifica o investimento da Iveco para aumentar a nacionalização dos caminhões da marca produzidos em Sete Lagoas (MG). Com o objetivo de elevar em 10 a 12 pontos porcentuais o índice de componentes nacionais utilizados nos veículos, o departamento de Galantine está recebendo a maior parte do programa de R$ 650 milhões que a Iveco investe entre 2014 e 2016 (leia aqui). Cerca de US$ 80 milhões, o equivalente a R$ 250 milhões, serão aplicados em ferramentais e logística para reduzir a importações e a consequente exposição cambial desfavorável em momento de desvalorização do real. 
“Os caminhões Iveco já têm índice de nacionalização médio acima de 60%, mas podemos aumentar esse nível para 72% até 82%, dependendo do caminhão. A situação de alta do dólar abre a oportunidade de substituir vários itens importados por nacionais”, diz Galantine. Ele explica que o investimento será em bens de capital: a CNH Industrial, grupo do qual a Iveco é uma das subsidiárias, comprará máquinas-ferramenta e cederá em comodato ao fornecedor que fabricará a peça. O diretor cita o exemplo de painéis de porta, em que a empresa vai emprestar ao fornecedor nacional escolhido o molde para fazer o componente. 
Atualmente a Iveco consome R$ 1,7 bilhão das compras anuais do grupo CNH Industrial no Brasil, que totalizam R$ 5,5 bilhões. Galantine estima que o investimento em nacionalização deverá localizar a compra de 150 a 200 itens até agora importados para a montagem dos caminhões, que dependendo do modelo têm entre 3 mil e 5 mil peças. 
Galantine avalia que a nacionalização trará outros benefícios além da redução de gastos com importações. “Comprar aqui significa também aumentar a agilidade do transporte dos componentes, além de melhorar a qualidade, porque temos controle maior sobre fornecedores localizados no País”, diz. 
A Iveco já tinha um programa de nacionalização em curso previsto em R$ 100 milhões. A desvalorização do real, no entanto, provocou a aceleração do processo e mais que dobrou o valor a ser investido. Galantine estima que levará cerca de dois anos para finalizar todo o programa. 
Com relação à hipótese de passar a produzir as próprias transmissões no País, hoje compradas da Eaton e ZF, o diretor de compras diz que existe essa possibilidade, mas ainda é um estudo sem decisão final. “Já produzimos nossas próprias transmissões na Europa e eventualmente podemos fazer aqui também. Mas esse é um tema que escapa ao programa de nacionalização atual, pois internar a produção de um item é diferente de aumentar as compras no País”, explica. 
Sobre a viabilidade de se sustentar investimentos em tempos de retração econômica no País, com forte contração das vendas de caminhões, Galantine avalia que os gastos se justificam pela perspectiva futura: “Não se pode ver o Brasil no curto prazo, é preciso ver o quando já crescemos e ainda há oportunidade para crescimento. A crise também abre oportunidades”, confia. 

PARQUE DE FORNECEDORES 
Dentro do plano de nacionalização dos caminhões Iveco está a criação do parque de fornecedores ao lado da fábrica de Sete Lagoas, um projeto que vinha se arrastando desde o início desta década e que agora será de fato colocado em operação. O distrito industrial de 156 mil metros quadrados para abrigar as empresas, a 450 metros da linha de montagem, já tem muros, ruas, portaria, guaritas e infraestrutura ligada de energia, água e saneamento. Uma via interna liga as fábricas de componentes diretamente à produção dos caminhões. 
A Iveco doou parte do terreno de sua fábrica à Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemig), que investiu R$ 16,2 milhões nas obras de infraestrutura. Esse valor será cobrado das empresas interessadas em se instalar em lotes de 2 mil a 25 mil metros quadrados. O investimento em edificações e áreas tem condições flexíveis: os fornecedores de peças poderão arrendar a área da Codemig por certo período de tempo, alugar diretamente de empresas especializadas em construir os edifícios industriais, ou mesmo comprar o lote, com quatro anos de prazo para pagar. 
Segundo a Iveco, o empreendimento pode abrigar até 20 empresas e oito já fizeram reservas – são fabricantes de bancos, montagem de chassi e módulos de arrefecimento, entre outros. A expectativa é que os primeiros fornecedores comecem a operar na área no início de 2016. Ao todo, foram convidados 40 e existem planos de expansão do parque caso exista necessidade. “Ter um supply park ao lado da fábrica é algo mandatório atualmente para se garantir mais produtividade e competitividade”, afirma Galantine. “A Iveco deve seguir os mesmos passos da Fiat em Minas, que atraiu seus fornecedores para o entorno da fábrica de Betim”, diz o executivo, que seis meses atrás era o diretor de compras da Fiat Chrysler América Latina, a FCA, antes Fiat Automóveis. CNH Industrial e FCA têm os mesmos acionistas majoritários e é bastante comum a troca de empregados entre as duas companhias.

Nunca publique suas informações pessoais, como por exemplo, números de telefone, endereço, currículo etc. Propagandas, palavras de baixo calão, desrespeito ou ofensas não serão toleradas e autorizadas nos comentários.

NOTÍCIA ANTERIOR PRÓXIMA NOTÍCIA