Facchini

Prejuízo com roubo de cargas pode passar R$ 2 bilhões

As perdas decorrentes dos roubos de cargas, ocorridos em 2014, no Brasil, devem chegar aos R$ 2,2 bilhões. Esta é uma estimativa parcial divulgada pela NTC&Logística (Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística) durante o XV Seminário de Transporte Rodoviário de Cargas, realizado nessa quarta-feira (29), na Câmara dos Deputados, em Brasília. Somente com mercadorias perdidas, a quantia totaliza R$ 1 bilhão. O restante refere-se ao valor dos caminhões que não foram recuperados. Conforme os dados, 3,2 mil veículos não foram encontrados, o equivalente a 22% do total. Foram, aproximadamente, 17,5 mil ocorrências no ano passado contra 15,2 mil em 2013. 
A região Sudeste do país continua na liderança do total de casos. Somente os estados de São Paulo e do Rio de Janeiro respondem por mais de 80% das ocorrências. Chama a atenção, ainda, os números do estado fluminense, onde o total de casos cresceu 10% na comparação com 2013. “O que vem caracterizando o crime no Rio de Janeiro é a integração do roubo de cargas com outros crimes, como o tráfico de drogas. O produto do roubo é usado para financiar a atuação dos traficantes”, explica o coronel Paulo Roberto de Souza, assessor de segurança da NTC&Logística. “Os criminosos atacam, geralmente, em locais de parada, em falsas blitz, com a criação de obstáculos no caminho e também em abordagens em movimento”, relata o coronel. 
“Chegamos a um ponto inaceitável. A gravidade é tal que há lugares que companhias seguradoras se negam a segurar determinadas cargas. Isso pode causar até desabastecimento de determinados produtos”, alertou o presidente da NTC&Logística, José Hélio Fernandes. 
Os produtos mais visados pelos criminosos são eletroeletrônicos, cigarros, alimentícios, farmacêuticos, químicos e autopeças. Das ocorrências, 75% foram em áreas urbanas e 25% e rodovias. 

Mais de duzentas mortes desde 1998
Um prejuízo ainda maior é com a perda de vidas. Entre 1998 e 2014, ocorreram 262 mortes durante ações de criminosos contra caminhões de carga. Outro dano, difícil de medir em resultados, são as condições da saúde emocional daqueles motoristas que foram vítimas dos bandidos. “Eles passam por situações de trauma, precisam de apoio psicológico e às vezes enfrentam dificuldades em retomar as atividades”, diz o coronel. Paulo Roberto de Souza conta que, diante dos riscos que existem em certas rotas, especialmente na região Sudeste, transportadores começam a rejeitar fretes.

Enfrentamento ao crime
Conforme Paulo Roberto de Souza, uma das principais estratégias para enfrentar esse tipo de crime é atuar sobre quem recebe a carga. Por isso, durante o Seminário realizado na Câmara dos Deputados, defendeu a aprovação de projetos de lei que agravam a punição para receptadores, com aumento da pena e perda do CNPJ para empresas que comercializarem cargas roubadas. 
Ele fez um apelo para que os parlamentares auxiliem a pressionar o Executivo pela aplicação da lei (LC 121/2006) que cria o Sistema Nacional de Prevenção, Fiscalização e Repressão ao Furto e Roubo de Veículos. A norma foi aprovada em 2006. Passados quase dez anos, ainda não foi regulamentada pelo governo federal. 
O coronel também chamou a atenção para a necessidade de regulamentação da lei 12.977/2014, que estabelece as regras para o funcionamento de desmanches de veículos. A norma entra em vigor no dia 21 de maio deste ano, mas ainda não teve a aplicação definida pelo Executivo.
FONTE: Agência CNT 
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