Assim como outras fabricantes de caminhões, a Scania busca meios de manter ritmo saudável em sua planta brasileira, mesmo diante da forte contração das vendas, que diminuíram 36,6% no primeiro trimestre de 2015. “Temos vantagem em relação às outras empresas: podemos exportar mais”, destaca Per Olov Svedlund, presidente da companhia para a América Latina. Segundo ele, diante da queda dos negócios no mercado nacional, a fabricante de caminhões e ônibus reajustou sua produção global para deixar sob responsabilidade do Brasil participação maior nas vendas a outros países.
Atualmente a companhia exporta em torno de 50% do que é feito na planta de São Bernardo do Campo (SP). Este índice já ficou entre 15% e 20% no passado, de 2011 a 2012, quando o mercado brasileiro de caminhões passava por forte crescimento e o câmbio tornou-se desfavorável às exportações. Hoje, a atual retração das vendas por si só já faz com que os negócios internacionais ganhem importância.
Como medida para garantir o nível de atividade à operação brasileira, a matriz europeia cedeu espaço em outros mercados para que o Brasil exporte mais. “A demanda está aquecida na Europa, então eles podem manter a produção mais concentrada para atender a região”, explica Svedlund. Enquanto isso, a operação nacional passou a atender países da África e do Oriente Médio.
Além de veículos, as vendas externas da Scania incluem componentes e motores feitos no fábrica do ABC paulista. O presidente da montadora lembra que só é possível compensar a queda das vendas no Brasil com exportações porque a marca tem linha de produtos globalizada. “O mesmo caminhão que é feito aqui é fabricado também em outros países.”
Com certo patamar de produção garantido em São Bernardo, a Scania ainda não anunciou medidas mais severas para adequar o ritmo da fábrica à demanda do mercado. Por enquanto a empresa vem trabalhando com seu sistema de produção flexível, concedendo folgas para acomodar os volumes.
Svedlund prefere não cravar um número para a projeção deste ano, mas admite que o cenário é adverso. “Está difícil e acho que vai demorar para recuperar”, analisa. Os dados do Renavam divulgados pela Fenabrave mostram que a companhia foi bastante afetada pela contração do mercado, com redução de 63,6% nos negócios no primeiro trimestre deste ano na comparação com igual período de 2014. Sob efeito da redução mais forte na demanda por caminhões pesados, segmento em que atua, a Scania vendeu apenas 1,2 mil unidades de janeiro a março de 2015.
FONTE: Automotive Business