Facchini

Senador pede maior flexibilização em acesso dos caminhões ao porto

Preocupado com os reflexos negativos da paralisação parcial do porto de Santos (SP) ao agronegócio de Mato Grosso, o senador José Medeiros (PPS/MT) pediu ao prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), o aprofundamento da flexibilização do bloqueio aos caminhões para acesso à margem direita do porto, por onde é feita a maior parte das exportações de grãos do Estado do Centro-Oeste.
Medeiros estima que, em virtude desse bloqueio, que teve início na segunda-feira, apenas nos caminhões de grãos as perdas já alcançam cerca de R$ 20 milhões. O valor não inclui outros custos adicionais decorrentes do problema, como o pagamento de demourrage (sobretaxa pelo aluguel de navios), quebra de contratos de exportação, custos extras com omissão de navios, e prejuízos das cargas industriais.
Na quarta-feira, o gabinete de solução de crise, montado para contornar os transtornos provocados pelo incêndio nas instalações da Ultracargo, decidiu permitir a chegada de carretas ao porto pelo centro de Santos entre 22h e 4h. Medeiros defende que esse mesmo esquema alternativo também seja adotado durante o dia, com comboios. "É plenamente possível e imprescindível para a economia nacional", disse ao Valor, após se reunir com Barbosa, em Santos.
Normalmente, o acesso de caminhões ao porto é feito pelo mesmo viaduto que leva à Ultracargo, interditado por conta do incêndio. A paralisação parcial do porto devido ao incêndio na Ultracargo, cujo terminal fica em área municipal, fora do porto, está reacendendo a problemática relação porto-cidade.  Para o senador, a questão está sendo tratada de “forma provinciana” e está contaminada por questões políticas, já que os governos estadual e municipal estão com o PSDB e a Codesp, que administra o porto de Santos, é ligada ao governo federal.
Segundo Medeiros, o governador Pedro Taques (PDT) deverá pedir ainda hoje ao governo paulista um pouco mais de sensibilidade sobre a questão  — os bloqueios e triagem das carretas são feitos pela Polícia Rodoviária no Sistema Anchieta-Imigrantes, no trecho de Planalto.
De acordo com o presidente da Codesp, estatal que administra o porto, Angelino Caputo, em que pese a prioridade ser a extinção do incêndio, o porto está em pleno embarque da safra agrícola. Nessa época, chegam ao complexo portuário de 9 mil a 12 mil carretas, sendo metade para os terminais do lado direito do cais.
O porto de Santos escoa o equivalente a 25% da balança comercial brasileira, a maioria das cargas é movimentada nos terminais da margem direita. Estão nesse lado do cais 38 (e não 46, como chegou a ser divulgado) dos 55 terminais do porto. Entre eles a ADM, Louis Dreyfus, Caramuru, Rumo, Copersucar, Libra, Rodrimar, Ecoporto Santos, BTP, Marimex, Transpetro e Deicmar. O acesso à margem esquerda (Guarujá) e o tráfego de trens nas duas margens estão liberados.
Em nota enviada ao Valor, a Prefeitura de Santos afirma que "compreende e se solidariza com a situação dos trabalhadores e empresários de setores ligados ao Porto de Santos, mas ressalta que o bloqueio foi uma decisão aprovada pelo Gabinete de Integração, composto pelas autoridades municipais, estaduais e portuárias, juntamente com o Corpo de Bombeiros, Defesa Civil e Autoridade Portuária (Codesp)".
Ainda no e-mail, a Prefeitura esclarece que a medida visa "garantir a segurança da cidade e das pessoas". O Gabinete, continua a nota, "em caráter excepcional, vem liberando a entrada de caminhões na margem direita do Porto de Santos das 22h às 4h para os veículos com agendamento nos terminais autorizados pela Codesp". Segundo a Prefeitura, desde o início da operação, 2.320 caminhões foram liberados por esse sistema.

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