Pela primeira vez em 40 anos a Fenatran, evento equivalente ao Salão do Automóvel para o segmento de veículos pesados, não vai contar com a maioria de suas principais estrelas, as fabricantes de caminhões. A crise que afeta o setor, com queda de 39,3% nas vendas no primeiro quadrimestre e fábricas dispensando trabalhadores, provocou debandada de montadoras do evento, o maior da América Latina.
O Salão Internacional do Transporte, que ocorrerá entre 9 e 13 de novembro, tem confirmada as presenças de apenas duas das 11 montadoras de caminhões do País, a Volvo e a DAF, além das empresas de implementos, peças e serviços.
MAN, Mercedes-Benz, Scania, Iveco, International e Shacman concluíram que, num período de ajuste, com corte de pessoal, redução de salários e paradas constantes na produção não se justificam os enormes gastos necessários para um evento com duração de cinco dias. Agrale, Caoa e Ford afirmam que ainda avaliam se vão participar, mas a tendência é de que sigam a maioria.
Estima-se que, dependendo da área, um estande na Fenatran custe entre R$ 5 milhões a R$ 10 milhões, valor que inclui aluguel, montagem, pessoal e infraestrutura. "Num cenário como o atual, não faz sentido um investimento como este", diz um executivo do setor. "Fazer festa fica difícil."
O diretor de comunicação e relações institucionais da Mercedes-Benz, Luiz Carlos Moraes, afirma que "diante de um cenário econômico desfavorável para as vendas e a necessidade da empresa de se adequar a esta realidade, decidimos não participar desta edição". Ressalta, contudo, que a participação na edição de 2017 "já está planejada".
A Fenatran ocorre a cada dois anos no Anhembi, intercalando com o Salão do Automóvel. Está em sua 20ª edição e é organizada pela Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística), com apoio da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
O presidente da NTC, José Hélio Fernandes, diz acreditar numa reversão desse quadro. "Ainda estamos conversando com a Anfavea e acredito que teremos uma grande Fenatran", diz. "A feira não é só para os momentos de boas vendas, e é exatamente numa situação como a atual que as empresas devem mostrar seus projetos, suas inovações e sua capacidade de dialogar com o mercado."
Desde o início do ano a Anfavea vinha tentando convencer as associadas a participarem do evento. O receio da entidade é pela mensagem que o setor passará ao mercado com a ausência das principais atrações da Fenatran.
Apesar da ausência da maioria de suas filiadas, a Anfavea terá um estande no evento. "A Fenatran é uma importante feira de negócios e figura entre as três maiores do mundo no segmento de transporte", diz o presidente da entidade, Luiz Moan.
Visitantes
A Reed Exhibitions Alcantara Machado, promotora da Fenatran, informa que já foram comercializadas 75% da área disponível. Na última edição, em 2013, participaram 370 empresas, o que significa que o salão é bem pulverizado. Ninguém nega, contudo, que os expositores de caminhões e ônibus são o principal chamariz.
A expectativa é que a feira atraia 60 mil visitantes, muitos deles de outros países. "Entendo a atitude das empresas que não vão participar, mas quem estará presente saberá aproveitar a oportunidade e terá seus holofotes", afirma Juan Pablo De Vera, presidente da Reed.
FONTE: Estadão
Não adianta uma feira de negócios sem ter perspectivas de negócios. Outra, no dia a dia, quem busca comprar um caminhão, segmento que está sofrendo mais, vai as lojas autorizadas. Há fabricantes do setor de automóveis, por exemplo, que estão deixando de participar de salões porque não parece ter um retorno sobre esse investimento. Se terão que gastar com a propaganda pós-salão para divulgar o produto, entre outras medidas, o salão em si dá mais lucro a quem organiza o evento e, em parte, facilita para o comprador comparar vários produtos num local. Entretanto, isso não define imediatamente a compra in loco.
ResponderExcluir