Facchini

Eixo suspenso sem pedágio: efeito será pequeno

Começou a vigorar dia 17 de abril o decreto 8.433, que regulamentou a isenção de pedágio nos eixos suspensos quando o caminhão estiver vazio. A medida pode representar mais de 30% de redução no custo do pedágio em viagens sem carga. Por exemplo: uma combinação de cavalo-trator mais carreta de três eixos, sem carga, gastava R$ 312 no trecho Londrina-Paranaguá (PR) até 16 de abril. Com a mudança, passou a gastar R$ 207,60 (-33,4%).
Para garantir que os veículos estejam vazios, é preciso verificar nas praças de pedágio. No olho, essa fiscalização é inviável porque provocaria grandes filas. O decreto diz que o Contran tem até 16 de setembro para regulamentar o “uso de equipamentos para verificar se o veículo se encontra vazio”. Até lá, pressupõe-se que todos que passarem pelas praças de pedágios com eixos suspensos estão sem carga.
O Estado de São Paulo diz que não vai cumprir o decreto. A Agência Estadual de Transporte (Artesp) alega que a lei é “juridicamente inaplicável”.
A Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovia (ABCR) já disse que vai querer um aumento das tarifas por conta da isenção dos eixos suspensos, para manter o “equilíbrio financeiro” dos contratos.
Transportadores entrevistados pela Carga Pesada não se empolgaram com a novidade. “A maioria das operações de transporte tem frete de retorno. Poucos segmentos vão se beneficiar, como o transporte de combustíveis”, declara Luiz Podzwato, superintendente do Sindicato das Empresas de Transporte do Paraná (Setcepar).
Ítalo Lonni Junior, da empresa de transporte e logística Compager, de Londrina, diz que não ganhará com a isenção. Ele transporta grãos e açúcar para Paranaguá em 60 bicaçambas (veículo com sete eixos). “Voltamos sempre carregados com fertilizante.” Ele gastou R$ 218 mil com pedágio no mês passado.
O presidente do Sindicam de Londrina, Carlos Roberto Delarosa, afirma: “Numa crise destas, todo caminhoneiro procura frete de volta”. Ele calcula que apenas 10% das viagens de caminhões sejam feitas sem carga.
FONTE: Carga Pesada 
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