A MA8 Management Consulting, grupo de consultores especializados na indústria automobilística, desde carros de passeio até equipamentos de mineração e máquinas de construção, divulgou novo estudo sobre o setor de caminhões no Brasil, que confirma as projeções feitas pela empresa no início deste ano. A novidade fica por conta da movimentação dos segmentos e da previsão de redução no número de empresas concorrentes até o final da década.
Em suas projeções a MA8 utiliza um critério exclusivo com análise dessazonalizada e leva em consideração fatores de influência como disponibilidade de crédito, estabilidade política, períodos eleitorais, legislações específicas, movimentações econômicas da China e dos EUA, balança comercial, PIB agrícola, serviços, investimento primário, endividamento, termos de troca e flutuações da economia local.
Segundo a consultoria, a indústria de caminhões somente recuperará os níveis de produção local que foram atingidos no Brasil em 2011, após o início da próxima década.
Antes disso, o setor terá picos esporádicos de expansão seguidos por efeitos colaterais de mercado. Os segmentos de caminhões semileves, leves e médios entre 2,8 e 15 toneladas de PBT voltarão a crescer em decorrência das restrições urbanas de circulação, acessibilidade em preço e modal de distribuição. Ainda de acordo com o estudo, as marcas tradicionais de caminhões presentes no Brasil deverão intensificar a concorrência no segmento de entrada semileve, principalmente devido à necessidade das redes de concessionárias por produtos de alto giro. A tendência de crescimento médio anual dessazonalizado está mantida como divulgada anteriormente pela consultoria, abaixo de 4% ao ano até 2022.
A nova divulgação aponta para a redução de marcas concorrentes no setor até o final dessa década, sendo que as seis principais marcas de caminhões continuarão detendo mais de 80% do mercado. “Atualmente o setor conta com 16 marcas de caminhões, embora nem todas apresentem volume de vendas significativo. Algumas marcas dificilmente resistirão até o final da década e entre os principais fatores negativos estão a perda de competitividade, dificuldade em constituir uma rede de concessionárias no País, endividamento e redução dos volumes do mercado, que não sustentam os investimentos necessários para manter as operações no País”, explica Orlando Merluzzi, presidente da MA8 Consulting.
O segmento de caminhões pesados deverá recuar em participação na indústria, abaixo dos níveis que possuía no início desta década. “Incertezas econômicas, restrições ao crédito, dificuldade de caixa das transportadoras e uma nova onda de consolidação entre as empresas de transportes no País, devem afetar o segmento mais profissional do setor, onde haverá pouco ou quase nenhum espaço para novas marcas se consolidarem”, diz o executivo.
Segundo a consultoria, o setor de caminhões deve encerrar a década com um volume anual 18% menor do que no início do decênio. “Somente um plano nacional consistente de renovação da frota, que ofereça crédito ao autônomo e ao comprador dos caminhões usados, poderá reverter esse quadro. Não adianta os governos estaduais ofertarem planos isolados e sem coordenação, pois a demanda existe, mas precisa de crédito e de quem esteja disposto a assumir o risco. O BNDES e os bancos privados são naturalmente avessos a esse risco. Se houver disponibilidade de crédito o setor retomará rapidamente e poderá recuperar os volumes do início da década”, finaliza Merluzzi.
A MA8 considera o mercado de caminhões com a extensão da segmentação de entrada e inclui os modelos acima de 2,8 toneladas de PBT.
FONTE: SEGS