Em meio a um mercado com vendas que recuam mais de 42% neste ano, a MAN, segunda maior fabricante de veículos comerciais pesados do país, vai fechar no mês que vem o segundo turno da produção de caminhões e ônibus no parque industrial de Resende, no sul do Rio de Janeiro.
Para administrar o excesso de mão de obra, a companhia vai afastar 600 operários da produção em regime de “layoff”, que consiste na suspensão dos contratos de trabalho por até cinco meses, período no qual parte do salário (R$ 1,3 mil) é financiada por recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e a empresa deixa de recolher encargos sociais (INSS e FGTS).
O “layoff” começa no dia 6 de julho, na mesma data em que o segundo turno será desativado. No ano passado, a MAN recorreu duas vezes a esse expediente, mas em “layoffs” que, juntos, somaram apenas metade do contingente que está sendo afastado agora.
Desde dezembro, a montadora já parou a fábrica em duas férias coletivas e vem fazendo uso de um acordo trabalhista que lhe permite dar, a cada quatro semanas, dois dias de folga sem remuneração aos trabalhadores. No mesmo acordo, celebrado no último mês de 2014 com o objetivo de evitar demissões, congelou os salários dos funcionários neste ano.
Apesar disso, a empresa diz que as medidas foram insuficientes para enfrentar a crise. Balanço divulgado na segunda-feira pela Anfavea, a entidade que abriga as montadoras instaladas no país, mostra que as vendas de caminhões caem 42,4% neste ano, levando a uma queda de 46,4% na produção nacional desse veículo. Só no mês passado, o setor amargou o pior maio em produção desde 1999.
Além dos ajustes promovidos pela MAN, as fábricas da Mercedes-Benz estão com a produção parada desde o início do mês, com retorno previsto para terça-feira. No fim do mês passado, a Mercedes demitiu 500 empregados no ABC paulista, mas, mesmo assim, a empresa diz ainda ter um excesso de mão de obra de 1,75 mil trabalhadores no local.
Na segunda-feira, a Iveco deu início às férias coletivas que vão interromper a produção de caminhões pesados em Sete Lagoas (MG) por dez dias, enquanto a Scania, que já tinha suspendido a produção durante toda a semana passada, volta a parar as linhas amanhã.
Para fechar o novo acordo com o sindicato, a MAN garantiu a manutenção, até 30 de abril, dos empregos dos 600 operários a serem afastados no mês que vem. Segundo informa o sindicato, há um entendimento de que, na falta de reação do mercado, a empresa poderá colocar mais uma turma em “layoff” na volta desse grupo em dezembro, mantendo-se assim a produção em um turno.
Junto com o afastamento dos operários, a MAN abriu em Resende um novo programa de demissões voluntárias (PDV), que oferece como incentivo a desligamentos o pagamento mínimo de R$ 5 mil — ou R$ 4 mil, caso o trabalhador prefira manter o benefício do plano médico por cinco meses.
FONTE: Valor Econômico