Uma medida simples, como as rampas de escape, pode aumentar a segurança nas estradas e salvar vidas. Elas são construídas às margens das rodovias para caminhões e ônibus que não conseguem parar, caso fiquem sem freio durante a descida. O único problema é que no Brasil só existem três rampas de escape.
Imagens mostram quando um ônibus aparece na curva, sai da pista e quase tomba com 50 pessoas a bordo. Ele perdeu o freio. O motorista só conseguiu parar porque viu o aviso: área de escape, antes da curva e não foi só ele. Uma carreta cruza as faixas, na frente de outro caminhão, entra na área de emergência e para de forma brusca, alguns metros adiante. A pista é chamada de rampa de escape. Assista ao vídeo.
Tem quase cem metros de comprimento e um metro de profundidade. A primeira rampa foi construída há mais de 12 anos. Ela fica no começo da descida da serra da Via Anchieta, o caminho feito por carretas vindas de todo o país, com produtos que vão ser exportados através do Porto de Santos, no litoral paulista. É tráfego pesado e que ainda conta com abuso da velocidade e com o excesso de peso.
Por isso, outra rampa foi aberta no final da serra da Anchieta, no ano passado, depois de passar nos testes feitos com carretas carregadas com quase 40 toneladas. As duas já evitaram 724 acidentes.
“Primeiro nós reduzimos as causas-morte no trecho. Ele também evita a colisão traseira porque ele sabe que tem um área, quando ele consegue chegar na área, ele usa ela com sucesso. Isso evita sim um mau maior ou uma gravidade maior do acidente”, fala o coordenador de tráfego da Ecovias, Raul Boff.
Apesar da eficiência, só duas rodovias do Brasil tem rampas de escape. Além da Via Anchieta, em São Paulo, outra foi inaugurada na BR-376, no Paraná. O caminho de tudo o que é produzido no Sul do país é embarcado no Porto de Itajaí, em Santa Catarina. A rampa já evitou 125 acidentes. A serra, no Paraná, tem 19 quilômetros. Do topo até o final são 710 metros de declive. O abuso é constante. Uns aceleram demais e caminhões que quase não suportam o peso.
“A cada dez caminhões cerca de quatro veículos tem problema de freio. Desde problemas de lona de freio, que há muito desgastada, as mangueiras de ar está comprometida, problema na distribuição do óleo hidráulico. São problemas diversos que são característicos de falta de manutenção”, fala diz o gerente de operações da Autopista Litoral Sul, Ademir Custódio.
Quando o caminhoneiro não está correndo e vê a rampa, ele consegue entrar bem devagar. Mas, se o defeito aparece quando a velocidade é alta, não tem jeito. A rampa é invadida e mesmo assim o caminhão para. O último caminhão entrou na rampa à noite, duas semanas atrás, porque faltou freio. Era o caminhoneiro Elton Fernando Araújo quem dirigia a carreta- frigorífico. O caminhão dele ficou intacto e ele já voltou a trabalhar.
“Eu estava aquecendo os freios, começou a fumaçar os freios, eu avistei a rampa já. É horrível. Você pensa na família, você pensa em tudo. Pensa em quem está andando na estrada também, a cabeça pensa num monte de coisa. Mas tem que manter a calma para poder decidir o que vai fazer”, conta o caminhoneiro.
Segundo a concessionária Ecovias, a rampa de escape construída no quilômetro 49 da Rodovia Anchieta custou R$ 2,5 milhões.
FONTE: Jornal Hoje